FEMINICÍDIO EM CÁCERES: Dona de bar já havia registrado BO por perseguição: 'próprios filhos sabiam que uma hora o pai faria isso'
A comerciante Viturina Ares Cebalho, de 48 anos, que foi morta com facadas no pescoço pelo ex-marido, Waldecir Cláudio, de 50, já havia registrado um boletim de ocorrência por perseguição e injúria em julho do ano passado, de acordo com a delegada Paula Gomes, titular da Delegacia da Mulher de Cáceres, onde o feminicídio aconteceu, na noite de sábado (17).
Paula relatou que o filho de Viturina, de 14 anos, contou que a mãe sofria violência doméstica, mas não queria denunciar. "A mãe sempre sofreu violência, mas não queria denunciar de jeito nenhum e que até eles próprios sabiam que uma hora o pai deles faria isso com a própria mãe".
Além do adolescente, Viturina e Waldecir também eram pais de uma menina de 12 anos. Os dois estavam na casa no momento do crime. De acordo com a delegada, o mais velho estava com um amigo na frente do bar de Viturina, que funcionava no mesmo local em que a família morava, quando ouviu os gritos da mãe.
Waldecir teria pulado da casa nos fundos da residência da ex-esposa e se escondeu no imóvel para surpreendê-la.
"Quando ela entrou no banheiro, ele já esfaqueou ela bem no pescoço, cortou todo o pescoço dela. Com o grito dela, foram tentar ir para cima dele para largar a faca, mas estava irredutível e também tentou se matar. Ele está estável, vai sair vivo dessa para responder pelo crime".
A Polícia Civil aguarda a necropsia para confirmar quantas vezes Viturina foi esfaqueada, mas Paula conta que, a principio, a comerciante foi atingida com uma "facada fatal no pescoço".
Depois de esfaquear a ex, Waldecir tentou se matar cortando o próprio pescoço, mas nenhuma artéria foi atingida e ele deve receber alta nos próximos dias, segundo a delegada. O suspeito está em observação no Hospital Regional de Cáceres.
Viturina chegou a pedir medida protetiva contra o ex-marido após registrar boletim de ocorrência em julho do ano passado. No entanto, a comerciante teria retomado o relacionamento, que acabou há três meses. Aos Policiais Militares que atenderam a ocorrência, Waldecir afirmou que não aceitava o término.
Paula explica que o suspeito já estava em outro relacionamento, assim como a comerciante. "Ela não quis representar criminalmente, apenas pediu a medida que teve prazo de validade até janeiro deste ano".
O BO do feminicídio reitera que, a todo momento, o suspeito dizia não aceitar o fim do relacionamento, que havia "matado a esposa e que queria morrer". O Corpo de Bombeiros foi acionado e constatou a morte de Viturina ainda no local.
Postagens no Facebook
Waldecir chegou a tentar interagir com Viturina através do perfil da comerciante no Facebook. Em dezembro do ano passado, ele comentou em uma foto da vítima: "Nunca vou esquecer vocês". A mulher então acusou o suspeito de estar na casa da ex.
"Fala sério por que vc se está na casa da sua ex é sinal que vc nunca esqueceu dela (sic)".
"Vc é um babaca que não tem atitude de vencer na vida tem que tá dependendo sempre de alguém pra se encostar toma atitude cara seja homem sempre vc depender dessa mulher (sic)", comentou a comerciante.
Em outra publicação, em 18 de dezembro, Viturina escreveu que "apesar das dificuldades", estava grata pela chegada do Natal e pelos filhos. Waldecir, então, respondeu: "Bom dia eu queria tanto comemorar essa data cm vcs mais pra mim acabou só tristeza (sic)". O suspeito chega a pedir para que a comerciante ligue para ele e diz que precisa falar com ela.