03/07/2025 - 17:04 | Atualizado em 03/07/2025 - 17:08
Covardia, silêncio e impunidade: 14 anos depois, família de frentista executado clama por justiça em Cuiabá
Manifestação será segunda-feira, às 14h, em frente ao Fórum. Família de Lourival, morto em 2011, pede condenação do acusado após 14 anos de espera.
Por Redação Jornal Oeste
Foram cinco tiros à queima-roupa, em plena luz do dia, contra um trabalhador indefeso. O frentista Lourival Serafim de Almeida, 37 anos, foi executado enquanto cumpria sua jornada em um posto de combustíveis no bairro Novo Paraíso, em Cuiabá. A cena foi gravada pelas câmeras de segurança: o criminoso desce do carro com uma garrafa PET fingindo ser cliente, se aproxima e dispara com frieza. Sem discussão. Sem chance de defesa.
Isso aconteceu em 2011.
Desde então, se passaram quase 14 anos de dor, revolta e espera. E só agora, em 2025, a Justiça se prepara para julgar o assassino. Altair dos Santos Cunha, autor confesso, foi preso ainda no dia do crime, após tentar fugir e trocar tiros com a PM. Mas mesmo com tudo registrado, respondeu em liberdade por mais de uma década.
Na próxima quarta-feira (10/07), Altair finalmente enfrentará o Tribunal do Júri.
Mas antes disso, a família de Lourival, que nunca teve paz, promete romper o silêncio com um grito de justiça. Na segunda-feira, 7 de julho, às 14h, os parentes e amigos realizarão uma manifestação em frente ao Fórum de Cuiabá, exigindo que o crime não termine em impunidade.
“Meu irmão foi assassinado por engano. E ainda tivemos que esperar 14 anos pra isso?”
A motivação do crime é tão absurda quanto a demora da Justiça. Segundo as investigações, Lourival foi morto por vingança, mesmo sem ter cometido nenhum crime. O verdadeiro alvo seria seu irmão, suspeito de envolvimento em outro caso em Chapada dos Guimarães. Altair queria vingança e escolheu Lourival como alvo. Uma execução premeditada, covarde e cruel.
“O Lourival era inocente. Trabalhava, sustentava a família, nunca teve passagem, nunca se meteu com ninguém. Mataram ele como se fosse nada. E esse cara ainda ficou todo esse tempo solto?”, desabafa a irmã.
O ato de segunda-feira: um apelo que não pode ser ignorado
A família convida a população, movimentos sociais e toda a sociedade mato-grossense a se unir nesse ato pacífico de revolta. “Vamos nos vestir de branco, levar cartazes, faixas, fotos do Lourival. Vamos mostrar que ele não foi esquecido, que nossa dor não foi enterrada junto com ele”, diz a família.
Não é só um julgamento. É a resposta que o povo espera.
O caso de Lourival não é isolado. É o retrato de um Brasil onde o trabalhador morre e o processo dorme. Onde o criminoso responde em liberdade e a vítima é lembrada apenas pela família. Onde a burocracia é mais longa que a vida de quem só queria trabalhar em paz.
Quarta-feira, o tribunal julga Altair. Mas segunda-feira, a cidade verá nas ruas a verdadeira sentença: a de um povo que não aceita mais esperar por justiça.
SERVIÇO – MANIFESTAÇÃO POR JUSTIÇA
📅 Data: Segunda-feira, 7 de julho
⏰ Horário: 14h
📍 Local: Em frente ao Fórum de Cuiabá
📌 Endereço: Av. Des. Milton Figueiredo Ferreira Mendes, CPA, Cuiabá