Um ataque hacker à empresa C&M Software, fornecedora de tecnologia para instituições financeiras de menor porte, gerou instabilidade no sistema de pagamentos brasileiro e colocou sob análise a segurança de operações realizadas por intermediários do Pix.
O incidente, confirmado pelo Banco Central na quarta-feira (2/7), levou à suspensão temporária da conexão de diversas instituições financeiras ao sistema do Pix. Essas instituições dependem da C&M Software para operar com o Banco Central, uma vez que não possuem infraestrutura tecnológica própria.
Embora os valores exatos ainda não tenham sido oficialmente divulgados,
fontes do setor financeiro apontam que o desvio pode ter alcançado cifras próximas a R$ 1 bilhão, o que tornaria esse um dos maiores ataques cibernéticos a um elo do sistema financeiro nacional.
O que aconteceu
A C&M Software informou ao Banco Central que seus sistemas sofreram uma invasão cibernética. A natureza da brecha não foi detalhada, mas o ataque teria permitido movimentações fraudulentas por meio da infraestrutura que integra instituições ao Pix. As transações suspeitas motivaram a suspensão imediata do acesso à rede por determinação do Banco Central.
Segundo o próprio BC, a medida visava
prevenir novos incidentes e proteger os usuários finais. A decisão afetou apenas os bancos e fintechs que utilizam a C&M como intermediária tecnológica — ou seja, o sistema do Pix como um todo continuou funcionando, assim como os grandes bancos que operam com infraestrutura própria.
Na quinta-feira (3/7), o Banco Central autorizou o restabelecimento parcial das operações da C&M, sob condição de que fossem adotadas medidas de contenção de riscos. A retomada só será permitida
com anuência expressa das instituições clientes, reforço no monitoramento de fraudes e definição de limites transacionais.
O que se sabe até agora
- O ataque foi direcionado à empresa C&M Software, e não ao sistema central do Banco Central.
- Apenas instituições que utilizam a infraestrutura da C&M foram afetadas.
- O Banco Central foi comunicado formalmente e interveio para evitar novos prejuízos.
- Não foram divulgados nomes das instituições impactadas nem a quantidade de clientes afetados.
- As operações via Pix já foram parcialmente restabelecidas, com regras mais rígidas de segurança.
Impactos e reflexões
O caso levanta questões importantes sobre
a terceirização de funções críticas dentro do ecossistema financeiro brasileiro. Com o crescimento de fintechs e bancos digitais, muitas instituições menores optam por utilizar serviços de empresas especializadas para se conectar ao Banco Central, como é o caso da C&M. Isso traz agilidade e redução de custos, mas também amplia a superfície de exposição a riscos cibernéticos.
Especialistas em segurança da informação apontam que
o elo mais fraco de um sistema é, muitas vezes, o mais vulnerável. E, neste caso, a fragilidade não estava no núcleo do Pix, mas sim nos intermediários que o operam nos bastidores.
A ausência de informações mais detalhadas sobre a extensão do ataque, os valores exatos desviados e as medidas reparatórias adotadas pelas instituições envolvidas
gera preocupação no setor e entre os usuários.
Posicionamento do Banco Central
Em nota oficial, o BC afirmou que está monitorando de perto a situação, em cooperação com a empresa C&M Software e as instituições participantes do Pix. Ressaltou que as medidas adotadas visam "garantir a integridade do Sistema de Pagamentos Instantâneos" e que o processo de restabelecimento das operações depende de validação técnica e cautela adicional.
Próximos passos
A expectativa é que novas informações sejam divulgadas nos próximos dias, tanto pela C&M quanto pelo Banco Central. Investigações internas e, possivelmente, federais devem avançar para apurar
a autoria do ataque, os valores envolvidos e as responsabilidades de cada parte.
Enquanto isso, clientes de instituições afetadas podem ter notado instabilidade nas operações do Pix, mas
não há indícios até o momento de que contas individuais tenham sido invadidas ou prejudicadas diretamente. Ainda assim, órgãos de defesa do consumidor recomendam atenção redobrada a extratos e movimentações bancárias.