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12/06/2025 - 21:54 | Atualizado em 13/06/2025 - 23:22

Justiça obriga MT a custear tratamento de R$ 171 mil para criança na Tailândia

Théo, de 5 anos, tem doença rara e irá para Bangkok realizar terapia com células-tronco após decisão judicial; mãe relata emoção e esperança diante da possibilidade de melhora

Por Jardes Johnson

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 (Crédito: Reprodução)
A Justiça de Mato Grosso determinou que o município de Sorriso e o Governo do Estado custeiem um tratamento experimental com células-tronco na Tailândia, estimado em R$ 171 mil, para Théo Renan Carvalho Metzdorf, de apenas 5 anos, diagnosticado com hipoplasia bilateral do nervo óptico (HNO) — uma condição rara, congênita e degenerativa que afeta gravemente a visão e pode comprometer também a fala e a coordenação motora.

A decisão, divulgada na quarta-feira (11), determina que todos os custos com o procedimento, transporte aéreo, hospedagem, alimentação e acompanhamento médico — inclusive com um acompanhante — sejam arcados pelos entes públicos no prazo máximo de 60 dias. O tratamento será realizado por uma empresa de biotecnologia em Bangkok, na Tailândia. A data da viagem ainda não foi definida.

Diagnóstico e busca pela cura

A luta da família começou nos primeiros meses de vida de Théo. A mãe, Juliana Batiuk Carvalho, de 29 anos, relatou que o filho apresentava sinais de atraso no desenvolvimento, mas os primeiros exames não indicavam nenhuma anomalia. Só após consultas em Cuiabá e São Paulo é que veio o diagnóstico: hipoplasia bilateral do nervo óptico, uma condição em que os nervos que ligam os olhos ao cérebro são subdesenvolvidos.

“O Théo fala e anda normalmente, mas tem dificuldades para tarefas simples. Ele não consegue segurar um lápis ou brincar num pula-pula, porque não enxerga o que está fazendo. Isso o frustra e ele acaba querendo desistir das atividades”, contou Juliana.

Como a doença não tem cura conhecida e não existe tratamento disponível no Brasil, a família começou a buscar alternativas. Foi na internet que Juliana encontrou esperança: um tratamento com células-tronco oferecido na Tailândia, que já havia sido procurado por outras famílias, com relatos positivos sobre a eficácia.

“Encontrei depoimentos de mães que levaram seus filhos para lá, com paralisia cerebral, câncer e outras doenças. Consegui contato com uma delas e ela me disse que o tratamento realmente trouxe resultados”, disse Juliana.

Apoio da Defensoria e decisão judicial

Em setembro de 2023, a família buscou apoio da Defensoria Pública de Mato Grosso. Enquanto aguardava a tramitação do processo judicial, Juliana e o marido chegaram a cogitar formas de arrecadar recursos por conta própria. A virada aconteceu com a decisão favorável da Justiça.

“Graças a Deus saiu a decisão. Chorei muito. Estou com muita esperança!”, emocionou-se a mãe.

De acordo com a Defensoria Pública, um caso semelhante julgado em Cuiabá serviu como precedente e foi fundamental para reforçar o pedido.

O tratamento na Tailândia

O protocolo terapêutico inclui seis aplicações de células-tronco, além de sessões de fisioterapia e acupuntura. A duração prevista do tratamento é de aproximadamente 15 dias. A proposta é que, ao estimular a regeneração celular, o tratamento possa melhorar a capacidade visual e o desenvolvimento motor de Théo — ainda que não haja garantias plenas, diante do caráter experimental da terapia.

A Justiça determinou que, além do tratamento em si, sejam custeadas eventuais despesas com exames, medicamentos, retornos ao país asiático e qualquer outro procedimento necessário.

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