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19/05/2025 - 21:51 | Atualizado em 19/05/2025 - 22:47

Gripe aviária em granja brasileira leva países a suspenderem compra de frango

Mesmo sem risco para humanos no consumo, exportações foram suspensas por precaução sanitária para proteger rebanhos de outros países

O registro do primeiro caso de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial no Brasil levou à suspensão das compras de carne de frango por alguns países, apesar de o Ministério da Agricultura reforçar que não há risco à saúde humana no consumo de carne de aves ou ovos — desde que cozidos, o que elimina o vírus.

O alerta, segundo o ministro Carlos Fávaro, está relacionado ao risco de transmissão sanitária para outros plantéis comerciais, e não à segurança alimentar. “O problema não é o consumo humano, mas sim a possibilidade de contaminação de rebanhos comerciais em outros países por meio da carcaça de um animal infectado”, afirmou ele.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) explica que essa suspensão é uma medida de precaução, já que a chance de uma carcaça contaminada causar infecção em uma granja é considerada muito baixa, pois exigiria contato direto com uma ave viva.

O Ministério da Saúde reforça que o risco de infecção humana é baixo e que não há registro de casos em pessoas no Brasil até o momento. “A transmissão ocorre por contato com aves doentes ou ambientes contaminados, e não pela ingestão de carne ou ovos”, esclarece a pasta.

Impacto nas exportações

O Brasil é o maior exportador de frango do mundo e o terceiro maior produtor. Os principais destinos da carne brasileira incluem China, Emirados Árabes Unidos e Japão — países com regras sanitárias próprias que exigem suspensão automática das compras em caso de surto comercial da gripe aviária.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a China, que interrompeu as importações em julho do ano passado devido a um surto da doença de Newcastle no Rio Grande do Sul. Após medidas de controle, as exportações foram retomadas, mas o estado gaúcho segue restrito — mesmo sendo o terceiro maior produtor do país.

O Ministério da Agricultura trabalha para que os acordos comerciais internacionais passem a adotar o princípio da “regionalização”, conforme a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Essa medida determina que apenas a área de até 10 km ao redor do foco da doença seja afetada pelas restrições, e não todo o estado ou país.

Essa abordagem já foi aceita por Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas, mas ainda não pela China nem pela União Europeia, que mantêm protocolos mais rígidos.

Nenhum outro país conseguiu evitar tanto tempo a chegada da gripe aviária em granjas comerciais. O Brasil resistiu por mais de dois anos após os primeiros casos em aves silvestres. Isso nos permitiu revisar diversos protocolos sanitários”, destacou Fávaro.

Enquanto isso, os Estados Unidos enfrentam um grave surto, que resultou na morte de mais de 100 milhões de aves, elevando drasticamente o preço dos ovos. A crise fez com que os EUA aumentassem a importação de ovos do Brasil, demonstrando o papel estratégico do país na segurança alimentar global, mesmo em momentos de crise sanitária.

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