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08/05/2025 - 21:09 | Atualizado em 13/05/2025 - 21:58
Adolescentes com transtornos mentais passam mais tempo nas redes sociais, aponta estudo
Pesquisa britânica revela relação entre saúde mental e uso intenso de mídias sociais entre jovens de 11 a 19 anos, acendendo alerta para impactos no bem-estar emocional
Por Gabriela Maraccini
Adolescentes com transtornos de saúde mental passam, em média, mais tempo nas redes sociais do que aqueles sem essas condições. A constatação vem de um estudo realizado no Reino Unido e publicado na segunda-feira (5) na conceituada revista científica Nature Human Behavior.
Os pesquisadores analisaram dados de 3.340 jovens britânicos, com idades entre 11 e 19 anos, dos quais 16% foram diagnosticados com pelo menos uma condição de saúde mental. A análise revelou que adolescentes com quadros mais graves relataram cerca de 50 minutos a mais de uso diário das redes sociais em comparação com seus pares sem transtornos.
Além disso, esses jovens demonstraram menor satisfação com o número de amigos virtuais e maior sensibilidade ao feedback recebido nas plataformas — como curtidas, comentários e compartilhamentos. Aqueles diagnosticados com depressão ou transtornos de ansiedade também se comparavam mais com outras pessoas nas redes e apresentavam maior variação de humor de acordo com a repercussão de suas postagens.
Embora o estudo traga evidências consistentes, os cientistas alertam que ainda não é possível afirmar que o uso intenso das redes sociais seja a causa direta dos transtornos mentais. Mais pesquisas, especialmente com jovens de outras partes do mundo, são necessárias para esclarecer os vínculos causais entre saúde mental e comportamento digital.
Relação já foi apontada por estudos anteriores
A ligação entre saúde mental e redes sociais não é nova. Em 2023, o relatório “Panorama da Saúde Mental”, elaborado pelo Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, mostrou que entre os brasileiros que passam três horas ou mais por dia nas redes, 43,5% têm diagnóstico de ansiedade.
Especialistas apontam que o uso excessivo das redes pode prejudicar a saúde emocional por diversos fatores, incluindo baixa autoestima, menor interação social presencial, exposição ao cyberbullying, alterações no sistema de recompensa do cérebro e o constante medo de estar “por fora” das novidades.
Um estudo da Faculdade de Saúde da Universidade de York, também no Reino Unido, revelou que mulheres que pausaram o uso de redes sociais apresentaram melhorias significativas na autoestima e na percepção da própria imagem corporal.
Já pesquisadores da University College London (UCL) identificaram que adolescentes com vício em internet podem desenvolver alterações cerebrais associadas ao comportamento compulsivo, afetando negativamente o bem-estar psicológico, a vida acadêmica, social e até profissional.