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25/04/2025 - 22:38

Disputa pela FMF envolve acusação de fraude, inquérito do MP e salário de R$ 250 mil

Empresários Aron Dresch e Dorileo Leal travam disputa pelo comando da FMF em meio a denúncias de assinaturas forjadas, investigação do Ministério Público e salário milionário em jogo

Por Pedro Coutinho

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 (Crédito: Reprodução)
A eleição para a presidência da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), marcada para o próximo dia 3 de maio, ganhou contornos de escândalo. Dois empresários estão na briga pelo comando da entidade, cujo presidente eleito receberá um supersalário de R$ 250 mil mensais, totalizando cerca de R$ 12 milhões ao longo do mandato de quatro anos.

De um lado, está Aron Dresch, atual presidente e patriarca da família que controla o Cuiabá Esporte Clube, tentando a segunda reeleição com a chapa Progresso no Futebol. Do outro, João Dorileo Leal, dono do Mixto Esporte Clube e do Grupo Gazeta de Comunicação, lançou a chapa Federação Para Todos.

Ambas as candidaturas enfrentam o risco de impugnação, uma contra a outra. O motivo é uma denúncia de que Aron Dresch teria forjado assinaturas para registrar sua chapa.

Assinaturas contestadas

Dresch protocolou sua candidatura no dia 15 de abril, apresentando 22 assinaturas de apoio de clubes e associações. No entanto, dois dos subscritores – Reydner Souza, ex-presidente do União Esporte Clube, e Leomar Pinto, presidente licenciado do Nova Mutum – afirmam que não autorizaram o uso de suas assinaturas na chapa.

Ambos são, inclusive, candidatos a vice-presidente na chapa de Dorileo. Leomar admitiu ter assinado um documento de apoio a Dresch em 26 de fevereiro, mas alegou que não se tratava de subscrição eleitoral, já que o edital das eleições foi publicado apenas em 15 de abril. Já Reydner foi mais incisivo: disse ter sido coagido por Dresch a assinar sob ameaça de perder “direitos” e alegou que nem estava no Brasil na data em que sua assinatura teria sido colhida.

Regras do estatuto e apoio real

Pelo estatuto da FMF, um clube só pode apoiar uma única chapa, valendo o primeiro protocolo em caso de duplicidade. A chapa de Dorileo conta com apoio formal de seis clubes e uma liga, incluindo Mixto, União, Operário Ltda, Santa Cruz, Nova Mutum, Associação Camponovense e Liga Alta Floresta.

Apenas 21 clubes e uma liga estão aptos a votar.

Investigação do Ministério Público

A disputa milionária chamou a atenção do Ministério Público Estadual, que abriu inquérito civil para investigar denúncias de irregularidades tanto na gestão da FMF quanto no processo eleitoral. O promotor Renee do Ó Souza apura suspeitas como compra de votos, falta de transparência e possíveis fraudes eleitorais, com base na Lei Geral do Esporte.

A investigação foi motivada, em parte, por uma reportagem da Revista Piauí que denunciou supersalários pagos a dirigentes estaduais da CBF, incluindo Dresch.

Histórico e promessas

Aron Dresch comanda a FMF desde 2017, quando foi eleito após um processo de impugnação e posterior reintegração. Em 2021, garantiu a reeleição mesmo com promessa anterior de que não buscaria mandatos longos. Agora, tenta mais quatro anos no poder, ao lado de Aluizio Bassani (Luverdense) e do advogado Geandre Bucair, como vices.

Caso vença, Dorileo Leal promete deixar a direção do Mixto para se dedicar à federação e promover o fortalecimento do futebol estadual.

A FMF, procurada para comentar o caso, informou apenas que não irá se manifestar e que os documentos estão disponíveis em seu site.

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