Se você ainda acredita que Cáceres vive numa democracia plena, onde todo mundo pode falar o que pensa, experimente dar nome e CPF a alguma denúncia. O medo aqui tem nome, endereço e consequência. Conversei com dezenas de feirantes que vivem na pele o abandono da obra da feira – todos foram unânimes: “só não fala que fui eu, porque aqui a gente sofre perseguição”.
Gente que paga seus impostos, que acorda de madrugada pra montar barraca, que sobrevive do suor... e que tem que engolir calado o descaso. Não podem reclamar, não podem protestar, não podem exigir. Porque se falam, perdem espaço, perdem ponto, perdem tudo. Isso aqui virou um regime de silêncio forçado.
E não é só na feira, não. O mesmo medo ronda o tal Festival de Pesca, que virou piada de mau gosto e balcão de negócios. O que era pra ser orgulho da cidade virou vitrine de chantagem institucionalizada: quem não entra no “cashback” ou não paga o pregão, fica de fora da festa. Simples assim. Se reclamar, nunca mais participa de nada.
Essa semana, a Câmara discutiu o Caranguejão. Isso mesmo, aquele elefante branco na entrada da cidade que virou símbolo do retrocesso. E ao invés de evoluir o debate, voltaram com a conversa de que “a obra é irregular”, que “não dá pra mexer”. Cáceres só anda pra trás, igual caranguejo — e quem tenta empurrar pra frente é chamado de doido.
Tentar fazer algo bom em Cáceres virou insanidade. Ao invés de te ajudarem, tentam te afundar. Como diz um velho amigo: “Na cabeça de quem manda aqui, a cidade é perfeita. Vivemos em Dubai, na Suíça. Tudo funciona, tudo é lindo...”
Mas olha o que o povo tá falando nas ruas:
- Quer vaga no hospital? Tem que ter aval de fulano.
- Quer creche? Só com a bênção de sicrano.
- Quer escola pro seu filho? Vai atrás do contato de “Don Este”.
Cáceres não é só dividida em feudos, é facção institucionalizada. O poder público está loteado. Cada um manda em uma parte, e quem se opõe... perde até o chão.
E por quê? Porque quem tá sentado na cadeira acha que é dono dela. Comprou com voto pago, com esquema sujo, com barganha política. Não se sentem representantes do povo, se sentem coronéis do poder.
Tentar denunciar isso? Boa sorte. Vai enfrentar fiscalizações-surpresa, perseguição tributária e até prisão inventada. E esse clima de terror político é o que mantém esse sistema podre funcionando – porque quem deveria falar se cala, e quem tenta gritar... é silenciado.
📢 E enquanto isso, a cidade segue parada, igualzinho 1988.