Jornal Oeste

Uma obra que deveria custar R$ 600 mil e durar apenas seis meses virou um símbolo de escândalo, abandono e jogo político em Cáceres. O projeto de revitalização da Praça da Feira, aprovado em 2020, previa um repasse federal de R$ 692 mil com apenas R$ 3.565,00 de contrapartida da prefeitura — valor simbólico apenas para viabilizar o convênio com o Ministério da Agricultura.

Quatro anos depois, o valor da obra explodiu para quase R$ 2 milhões. A contrapartida da prefeitura passou de três mil para mais de R$ 1,2 milhão, e mesmo assim, menos de 16% da obra foi executada até setembro de 2024, segundo dados oficiais.

Inauguração forçada, quiosques improvisados e desespero de campanha

Relatos de feirantes e pessoas próximas à organização da feira confirmam que a prefeita Eliene inaugurou à força a área dos quiosques de alimentação, mesmo sem drenagem, sem instalações elétricas concluídas e com a obra claramente inacabada.

Segundo essas fontes, houve tentativas de barrar a "inauguração", mas o evento foi empurrado de qualquer jeito, no meio da campanha eleitoral, com objetivo claro de gerar marketing político. A estrutura foi maquiada, os quiosques instalados às pressas e a inauguração feita mesmo sem condições técnicas. Uma manobra política irresponsável, perigosa e descaradamente eleitoreira.

A prefeita Eliene usou a obra como vitrine, mesmo sem cumprir o mínimo exigido por contrato. Em uma entrevista recente de rádio, ela chegou a afirmar que a obra “tem apenas dois anos”, tentando esconder o rastro de documentos que apontam o início formal em dezembro de 2020.

Superfaturamento, desvio de material e uso político

Conversamos com feirantes e trabalhadores da região. A fala é unânime: existe desvio de material na obra. Sacos de cimento que somem, orçamento de itens muito acima do preço real, materiais que nunca chegam.
E o pior: segundo relatos e práticas já conhecidas na cidade, a prefeitura pega verba de uma obra para tapar buraco de outra mais atrasada. No caso da feira, a suspeita é ainda mais grave: o dinheiro teria sido redirecionado para bancar campanha, diante do desespero para mostrar algum resultado.

Hoje, Cáceres acumula mais de 20 obras inacabadas, incluindo a creche do Junco, que está há mais de 10 anos sendo construída.

A feira virou palanque, briga e prejuízo

Durante o período eleitoral, houve briga pública entre o ex-prefeito Francis Maris e a prefeita Eliene, em pleno domingo, no meio do movimento da feira. A cena foi lamentável.
Feirantes relataram que o uso da feira como palanque político afasta clientes, gera confusão e prejudica ainda mais quem tenta trabalhar. “A feira virou palco de disputa e não de comércio”, dizem.
Um lugar tradicional da cidade virou retrato do atraso e do abandono.

Novo aditivo escancara o recuo após pressão pública

A cereja do bolo? Um novo aditivo foi feito recentemente, depois de toda a repercussão negativa. Segundo o vereador Cezare Pastorello, o aditivo representa um acréscimo de 40,48% no valor do contrato, totalizando agora um novo valor de R$ 800 mil só no aditivo.

Em suas palavras: Ou seja: só agora, com a pressão pública, tentam correr atrás de recursos para entregar o que prometeram há anos.

A verdade nua e crua

Uma obra iniciada em 2020. Um orçamento de R$ 600 mil. Contrapartida simbólica de R$ 3 mil. Tudo certo no papel, tudo errado na prática. Quatro anos depois, a obra virou um canteiro político de promessas não cumpridas, aditivos milionários, suspeitas de desvio e abandono do povo. A verdade sobre a feira de Cáceres é que ela mostra exatamente o que não querem que você saiba: o poder se mantém no grito, na mentira e na maquiagem da realidade.

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