Jornal Oeste

Lançado em 21 de março, o programa “Crédito do Trabalhador” provocou uma grande movimentação nas compras por todo o Brasil. No entanto, para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá), a recomendação é que os consumidores considerem aguardar até abril e utilizem o empréstimo consignado para renegociar dívidas, especialmente devido aos altos índices de inadimplência em Mato Grosso, que ultrapassam 1,19 milhão de pessoas.

O programa foi criado pelo Governo Federal com o objetivo de impulsionar o consumo interno, oferecendo financiamento com dedução direta da folha de pagamento e taxas de juros mais baixas do que as praticadas no mercado. Uma das funções do programa é permitir a renegociação de dívidas. Contudo, o recurso estará disponível para renegociar dívidas na mesma instituição financeira apenas a partir de 25 de abril. Já a portabilidade da dívida, ou seja, a transferência da dívida de uma instituição para outra, estará disponível a partir de 6 de junho.

A CDL Cuiabá expressa preocupação de que o crédito facilitado, apesar de ser mais acessível, possa aumentar a inadimplência a médio prazo. Atualmente, 45,77% da população de Mato Grosso está registrada no cadastro negativo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Júnior Macagnam, presidente da CDL, destaca que o programa é positivo para incentivar o consumo, mas sugere que muitas famílias devedoras em Mato Grosso poderiam se beneficiar mais ao esperar e utilizar o programa para regularizar suas pendências financeiras.

Segundo ele, as famílias endividadas não só reduzem o consumo, mas também afetam sua qualidade de vida.
Em 2025, a educação financeira passou a ser uma das prioridades da CDL Cuiabá. A entidade tem trabalhado no desenvolvimento de programas de educação financeira, especialmente voltados para o ambiente escolar, e tem buscado parcerias com outros órgãos, como a Câmara Municipal de Cuiabá, para divulgar a importância do manejo responsável dos recursos.

Macagnam também afirma que o comércio de Cuiabá se beneficiará do empréstimo consignado. No entanto, ele defende que o país precisa de políticas mais estruturais para fortalecer sua economia. A redução dos gastos públicos, na opinião de Macagnam, é fundamental para melhorar o ambiente de negócios no Brasil, além de ações mais eficazes do governo para combater o superendividamento da população.

O “Crédito do Trabalhador” é uma linha de empréstimo consignado voltada para trabalhadores com carteira assinada (CLT) no setor privado, incluindo também empregados domésticos, rurais e Microempreendedores Individuais (MEIs). O programa começou a ser disponibilizado em 21 de março e permite que o trabalhador comprometa até 35% de sua renda mensal com as parcelas do empréstimo. Como garantia, pode-se utilizar até 10% do saldo do FGTS ou até 100% da multa rescisória do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. A grande atração do programa é sua taxa de juros mais baixa, que gira em torno de 2,5% ao mês, comparado aos 5,5% praticados no mercado.

O programa de crédito consignado para a renegociação de dívidas será válido a partir de 25 de abril para operações realizadas na mesma instituição financeira. A portabilidade das dívidas começará em 6 de junho.