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23/09/2024 - 06:31 | Atualizado em 23/09/2024 - 06:36

Soldado cacerense foi vítima do mesmo líder do CV que mandou matar irmãs em Porto Esperidião

Por Galtiery Rodrigues

O jovem Thiago de Brito de Almeida, de 19 anos, vivia o grande sonho de se tornar militar do Exército. Ele havia se alistado no quartel de Cáceres, cidade do oeste de Mato Grosso, na fronteira com a Bolívia, e completava o primeiro ano na função, quando teve o destino destruído pela guerra entre facções criminosas na região.

O rapaz foi morto a tiros na noite de 22 de janeiro de 2022, a mando do mesmo líder do Comando Vermelho (CV) suspeito, agora, de decretar a morte da candidata a vereadora Rayane Alves Porto, de 25 anos, e da irmã dela, Rithiele Alves Porto, 28. As duas foram torturadas e assassinadas no sábado (14/9), em Porto Esperidião (MT), cidade que fica a 1h30 de Cáceres.
 
O mandante nos dois casos teria sido Norivaldo Cebalho Teixeira, conhecido como “Véio”, “Tuta” ou “Mercúrio”. Ele é apontado como o líder do CV na região oeste de Mato Grosso e está preso, desde 2022, na Penitenciária Central do Estado (PCE), em  Cuiabá, em decorrência da morte de Thiago. De dentro do presídio, no entanto, ele segue dando ordens e em comunicação com os faccionados.

Abordagem e morte do soldado

Na noite do assassinato, o soldado Thiago jogava basquete com amigos na praça do bairro Cohab Nova, em Cáceres, quando um Chevrolet Classic preto se aproximou bruscamente e parou próximo ao grupo de jovens. “Vocês são de que lado? De que lado são vocês?”, gritou um dos integrantes do CV de dentro do veículo.
A intenção era descobrir se eles eram do Primeiro Comando da Capital (PCC) ou se estavam “fechados com o CV”, já que o bairro, à época, era uma das áreas de disputa entre as duas facções. Assustado com a abordagem, Thiago disse que não era de lado nenhum e que era militar.
 
Conforme o processo referente ao caso, um dos faccionados disse que não havia gostado da camisa do Flamengo que Thiago usava. Com medo, o rapaz virou as costas para os criminosos e saiu correndo. A perícia revelou que o soldado conseguiu fugir por cerca de 80 metros, apenas. Ele foi perseguido e alvejado nas costas, na rua de trás, e caiu morto.

Thiago não tinha relação com nenhum dos grupos criminosos. Os interrogatórios revelam que ele era uma pessoa tranquila, apaixonado pelo que fazia e sem inimizades. Em depoimento, o avô do soldado, José dos Anjos Siqueira, de 72 anos, disse que o neto havia se mudado de Tangará da Serra (MT) para Cáceres para servir o Exército e que, por isso, estava morando com os avós.

Comemoração pela morte de um inocente

A investigação do caso revelou não só a motivação fútil do crime, mas também a maneira como faccionados teriam comemorado a morte de um inocente dentro do bairro, visto à época como reduto do PCC.

O interrogatório de Adilson da Silva Oliveira, conhecido como “Gordinho de Santa Isabel”, ajudou a polícia a desvendar o caso e foi peça importante na denúncia do Ministério Público.

Ele contou que, após o crime, Norivaldo, o líder do CV, enviou áudio para os rivais dizendo que a facção havia matado um soldado dentro da área do PCC e que queria ver como o grupo iria reagir. Segundo o relato, integrantes do PCC responderam, dizendo que os faccionados do CV estavam matando inocentes, com o intuito de jogar a população contra eles.
 
Nesse momento, Norivaldo teria retrucado, alegando que a culpa era toda do PCC, que “insistia em ficar na cidade e tomar o comando” do local. Em 2022, a guerra entre as duas facções, em Cáceres, estava no auge. A ordem dentro do Comando Vermelho, conforme os depoimentos, era perseguir e matar todo e qualquer integrante do grupo rival, inclusive familiares.

Domínio do CV

Hoje a cidade é considerada sob domínio do CV, mas as disputas na região seguem ativas. As mortes recentes das irmãs Rayane e Rithiele revelam que, mesmo de dentro do presídio, “Véio”, como Norivaldo é citado no inquérito que investiga os assassinatos das duas, continua monitorando a região e atento a tudo o que acontece.

Thiago foi morto por motivo torpe, com o intuito de gerar problema para a facção rival. O caso foi tipificado como homicídio qualificado. Rayane e Rithiele foram torturadas e mortas por causa de uma foto publicada nas redes sociais, na qual, conforme o entendimento do CV, elas teriam feito um sinal de “três dedos”, visto como símbolo do PCC.

De acordo com a investigação, Norivaldo conduziu a tortura por chamada de vídeo e decretou as mortes, de dentro do presídio. Em depoimento, o namorado de Rithiele disse que elas fizeram o símbolo do “rock”, apenas, e que elas não tinham nenhuma relação com facção criminosa.

No caso de Thiago, o líder do CV foi condenado a mais de 28 anos de prisão em regime fechado. Além dele, Kássio Gomes de Oliveira e Adrian da Silva Cuiabano também foram sentenciados. Todos eles entraram com recurso contra a decisão. O quarto acusado, Jailson Buck Rodrigues, foi assassinado dentro do presídio, antes do julgamento.

Comentários

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7 comentários

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  • por Silva, em 26.09.2024 às 13:52

    Está mais do que claro que as políticas de segurança precisam ser melhoradas, as forças de segurança tbm. E principalmente a lei deve ser aplicada e com rigor. O povo que é o que mais sofre com esse crescimento desenfreado das facções, precisa cobrar mais de seus governantes, cobrar políticas eficazes contra o crime organizado.

  • por Paulo Renato, em 24.09.2024 às 09:23

    Toda vez que um militante militonto se faz de louco em comentários, percebe que o mesmo ouviu umas verdades e a verdade dói mesmo. Aí pronto . No baixo nível do nível baixo que rege a sua régua mental recorre ao de sempre.Covarde, Bolsonarista,canalha.,. Calma cumpanheiro.Que isso! Vc está usando os mesmo livros do tempo que era lindo defender presos políticos . O tempo passou e a realidade tornou os mesmo em políticos presos e vc meu nobre escriba ( pessoa que escreve ) continua o mesmo.De uma atualizada no seu repertório porque dessa maneira você vira motivo de chacota e piada. Dá pra ver o seu esforço ...Porque não existe campo com maior concorrência que na hiprocrisia e na arte das ofensas gratuitas.

  • por lucas, em 24.09.2024 às 08:12

    Seu Paulo Renato, escriba é a tua mão seu covarde, quando escrevi não me referi a político algum, seu covarde, mas pela sua escrita, vagabundo sabemos que se trata de mais um covarde, canalha que toda vez que vem na internet só abre a boca para disseminar ódio, bolsonarista vagabundo, seu canalha, se conhecesse essas pessoas não faria isso, covarde. Todo mundo sabe da estirpe que faz parte seu lixo...

  • por Alfredo Munhoz, em 23.09.2024 às 17:46

    Ao ler os comentários dos senhores Luca e Paulo Renato percebo que ambos estão cobertos de razão, ainda que cada um tem o seu ponto de vista diferente sobre a realidade em questão. Acrescenta também o fato de que os celulares não entra voando dentro dos presídios. É preciso mais rigidez nas visitas e punições severas para os agentes de segurança envolvidas nessas atitudes ilícitas de facilitar a entrada de qualquer material não permitido por lei dentro das unidades pressionais. Mas infelizmente temos consciência que isso ainda acontece!

  • por Gaudencio, em 23.09.2024 às 15:20

    Pode ser mesmo, um miliciano no poder, daria nisso.

  • por Paulo Renato, em 23.09.2024 às 08:35

    Isso é reflexo da apologia a bandidagem meu nobre escriba Lucas. Sabe aquela ideia de defender marginal, uso dá maconha recreativa, roubo de celular para tomar cerveja no final de semana???? Eis o resultado! Agora que caiu a ficha!

  • por lucas, em 23.09.2024 às 07:59

    Que desgraça, pessoa boas e inocentes perdendo suas vidas por nada, aonde vamos parar, a quem devemos nos recorrer, só pessoas de bem perdendo suas vidas, alguém tem que fazer alguma coisa, só pessoas trabalhando, estudando, buscando vencer na vida de forma honesta e justa e perdendo suas vidas dessa forma, triste demais...

 
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