08/06/2024 - 07:50
Tijucal festeja neste sábado 80 anos de dona Nega
Por João Arruda/Jornal Cacerense
Jornal Cacerense
À moradora mais carismática do populoso Bairro Tijucal área sul de Cuiabá, desde o início da semana, é o tema mais comentado o octogésimo aniversário da pioneira do lugar à aposentada Cleotildes Arruda Costa Mendes, carinhosamente chamada de " Dona Nega ", que reside na Rua 300 , Setor 3, daquele conjunto populacional.
Viúva há sete anos, ela junto ao esposo Januário Mendes, chegaram com os primeiros contemplados pelas moradias, construídas pela extinta Companhia Estadual de Habitação ' Cohab, no início da década de 1980.
Católica fervorosa deu início a construção da Igreja Senhor Jesus de Cuiabá. Para essa tarefa recebeu o apoio de dezenas de voluntários e o templo está erguido, atraindo centenas de fiéis católicos. Mas, Dona Nega, parou aí natural de Cáceres, na região do Pantanal, no oeste de Mato Grosso, trouxe consigo uma imagem centenária de São João, que anualmente ela apoiada por familiares e devotos festeja a data (23.06) com louvor ao santo seguindo à tradição, com banho de São João no lendário Rio Coxipó, que serpenteia o bairro descendo para outras comunidades até se esbarrar no Cuiabá, onde deságua. A festa entrará no 131° edição neste ano.
Dona Nega nasceu numa localidade denominada " Clemente " próximo à histórica Fazenda Jacobina à poucos quilômetros de Cáceres.
Mãe de nove filhos, é a sétima filha do casal João Baptista da Costa e Esther Alves de Arruda.
Ela mudou se para Cuiabá, acompanhando seu marido funcionário do extinto DNER, onde atuou como, motorista, fotógrafo, mecânico , eletricista, carpinteiro ( um autêntico faz tudo), na abertura e construções de pontes nas duas rodovias federais as BRs 070 Cuiabá/ Cáceres e 174 Cáceres/ Roraima.
Hoje aposentada com os filhos encaminhados, curte os netos, bisnetos e afilhados. Nem sempre foi assim, tão logo se casou seu esposo foi designado à trabalhar em Pontes e Lacerda, a época apinhado de índios Nambiquara; Pareci e Kanachuê, todos eram arredios à aproximação de não-índios. Lá o primogênito do casal Fausto contrai uma febre muito forte, sem contato com Januário que estava embrenhado floresta adentro, restou a dona Nega, apelar pela fé, afinal era dia de São Luiz, curvou os joelhos rogando à cura do menino. E, a cura veio, do nada apareceu um outro servidor do DNER, chamado Esmael Senábio, apelidado de Paraguaio.
Ele cumprimenta aquela mãe em quase desespero e diz " dona Nega, ganhei bastante remédios para febre dos homens da Sucam que vieram de Cáceres, os homens dos chapéus de alumínios ", então dona dobra novamente seus joelhos e agradece a prece respondida. *Homens da Sucam também extinta era uma autarquia Federal subordinada ao Ministério da Saúde, que atuavam com farda cáqui e chapéu de alumínio levando remédios injetáveis e orais nas selvas do Mato Grosso e outros estados, combatendo ferozmente a febre amarela e à malária.
À celebração dos 80 anos de Nega será na chácara da família no bairro anexo ao Tijucal, o pacato Passaredo ( João Arruda é jornalista em Cáceres, também sobrinho de primeiro grau de Dona Nega)