Estimativa feita em conjunto com um experiente colega, aponta que no ano que vem, entre 120 e 150 pessoas, incluindo os 15 atuais vereadores, vão participar da disputa por um mandato na Câmara de Cáceres. Por conta da obrigatoriedade da participação feminina, isso significa que os partidos terão que lançar cerca de 50 mulheres. Ai tem dois problemas instalados. O primeiro é que culturalmente no Brasil, são poucas as mulheres que se interessam por política. Já o segundo, é o rigor da vigilância contra as chamadas ‘candidatas laranjas’. No final do mês passado, o TRE do Ceará cassou os quatro deputados estaduais eleitos pelo PL por fraude na cota de gênero. A participação feminina na Câmara de Cáceres sempre foi pequena. Uma única vez o parlamento cacerense contou com três vereadoras na mesma legislatura. Em 2000, Filomena Alcântara, Vilma Rubechini e Valdeníria Dutra Ferreira.
Crescer
Por falar em Câmara, a federação formada pelo PV, PT e PC do B, deverá ter uma das maiores bancadas na próxima legislatura. Pelo que tenho visto, a determinação do PT, em especial, é eleger três vereadores. Pelos nomes que tem, acredito que hoje isso seria factível. Mas, como política é ‘nuvem’, vamos ver como estarão as coisas no ano que vem.
Rememorando
Conversando com um interlocutor político de Cáceres, foi inevitável enumerar as ‘traições políticas’ do ex-prefeito de Cáceres, Francis da Orla (PSDB). Em 2012, ganhou com apoio de Túlio Fontes (PSB) e Marcinho Lacerda (MDB). Virou aliado do ex-adversário Adriano Silva e depois os detonou enquanto governou por oito anos. Outro que pena até hoje com os processos do ex-prefeito, é o ex-deputado Doutor Leonardo (Republicanos) que o apoiou em 2016. O alvo da vez, é sua ex-vice por dois mandato, a atual prefeita Eliene Liberato Dias (PSB). Para quem não sabe, existe uma máxima para esse tipo de comportamento. ‘A política tolera a traição, mas não perdoa o traidor’.
The end
O TSE não só negou recurso do ex-candidato a prefeito Takao Nakamoto (PTB), que perdeu o prazo para prestar contas da campanha a deputado estadual, como deu cinco dias para o japinha pagar 20 mil reais de multa.
Bravos
Os deputados estaduais da base do governo na Assembleia Legislativa começaram a reclamar publicamente do governador Mauro Mendes (UB), que segundo eles, estaria assediando prefeitos para irem para o seu partido. Na semana passada, Carlos Avalone ‘gritou alto’ na mídia. O assédio político é natural e faz parte do processo. Eu mesmo já ouvi o governador convidar a prefeita de Cáceres, Eliene Liberato Dias (PSB) para ir para o União Brasil. A debandada dos prefeitos tem dia e hora para acontecer. Assim que for homologada a fusão do PTB e Patriota, com a criação do Mais Brasil que terá o número 25 do falecido Democratas.
Amiga veia
A primeira mulher eleita prefeita pelo voto popular em Cáceres, Eliene Liberato Dias (PSB), contou com apoio de 12 partidos em 2020. REPUBLICANOS, PP, PDT, MDB, PSL, PODE, CIDADANIA, AVANTE, PROS, PV, PSD e SOLIDARIEDADE. Com ajuda deles foi possível derrotar a máquina do ex-prefeito Francis da Orla (PSDB) e a onda bolsonarista. A aliança deu a Eliene 15.881 votos. Nunca na história de Cáceres se juntou tanto partido para pôr fim a uma tentativa de perpetuação de poder.
LGBTQI+
Na política, quando se mistura carisma, tino e inteligência, a chance de fazer carreira aumenta muito. Vou citar apenas um exemplo local. O vereador Cezare Pastorello (PT). Em 2016 ele foi o mais votado com 1.205 votos pelo partido do ex-prefeito Francis da Orla (PSDB). A época ele tinha um perfil de eleitor na maioria elitistas. Com as medidas impopulares do ex-prefeito, que ferrou de mamando a caducando com aumento de impostos e perseguiu freneticamente os servidores públicos, ele migrou para o Solidariedade do ex-deputado doutor Leonardo. A época eu tive uma conversa com ele e com James Cabral, e coloquei que Cezare tinha perfil petista. Porém, entre entrar no PT, em baixa, e ir para o Solidariedade, cujo o presidente é o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Fabio Lourenço, ele optou pelo Solidariedade. Essa guinada fez Pastorello perde os votos dos ricos amigos de Francis, e de forma inteligentemente ele trocou de eleitor. Passou a defender a causa dos servidores municipais, e garantiu a reeleição em 2020 com 684 votos. Finalmente este ano ele chegou onde sempre deveria estar, no PT. Arriscou um olho abraçando ferrenhamente o presidente Lula e acertou na mosca. Para reafirmar o que estou dizendo, ele foi o vereador que mais ganhou com polêmica criada em torno do projeto do Dia do Orgulho LGBTQI+. Consolidou os seus votos e ainda ganhou mais. Os vereadores conservadores que foram contra, por obrigação, arrumaram muitos cabos eleitorais contra, pode acreditar.