26/10/2022 - 15:32 | Atualizado em 26/10/2022 - 15:34
Treze motivos
Há muito não venho dedilhar no meu teclado a ode daquilo que precisa ser dito, ou melhor, gritado! Faltando somente quatro dias para a eleição de presidente do Brasil as pernas bambeiam de desespero concreto de uma trabalhadora comum que, sentada atrás dessa tela, se injuria com o que tem visto e vivido nos últimos quatro anos.
Hoje li de uma pessoa que até tenho – tinha – muito apreço a seguinte frase, “não me faltou carne porque trabalho” declarando apoio ao “ser” que deseja ser reeleito. Que lástima. Eu trabalho e me faltou carne, aliás, me faltou também trabalho, me faltou o básico de uma compra de mercado no período em que vivi sozinha. Fui entrevistada pelo senso do IBGE como pessoa em situação de insegurança alimentar por ter em algum momento deixado de comer ou deixado de comprar um item básico por falta de condição financeira.
Isso não é sobre mim. Isso são sobre números, dados, mas, sobretudo, vivência. Quem experimenta disso nunca esquece. É mais sobre observação do que qualquer outra coisa. Em uma carreata, por exemplo, experimente observar de fora. Qual delas é composta por carrões e qual por veículos “inferiores”? Qual exemplo de conduta dá aquele seu vizinho que tanto defende os “valores da família”? Observar e absorver. Refletir e votar.
Eu voto por quando comprávamos uma caixa de leite com 12 e não pesava no bolso, quando pequenos luxos de ir almoçar fora, juntos em família, era algo comum. Quando a gasolina não diminuía de valor somente no período eleitoral. Quando o salário não era absurdamente menor que a inflação. Eu poderia dar vários motivos aqui, escreve-los um a um. Poderia dar treze deles, tranquilamente, mas pouparei as linhas porque precisamos de ação e não somente ideias. Vote pela volta da democracia.