Artigos / Wilson Fuá

10/03/2025 - 15:15

Os pais e o auxílio luxuoso aos filhos

          Durante toda a nossa vida procuramos ser justos com os nossos filhos, não sendo caridosos demais e nem mesquinhos ao ponto de sermos indiferentes com os seus sofrimentos e necessidades.

           Temos que ajudar sem prejudicar as suas iniciativas de lutar pelo seu futuro. Mas, a principal ajuda além da atenção, é procurar financiar e acompanhar durante a formação educacional, procurando sempre passar os valores morais e todos os dias mostrar a realidade do mundo.

             Ficamos sempre naquela indecisão de quando ajudar, como ajudar ou mesmo se ajudar. O pior ensinamento que passamos aos nossos filhos é deixá-los ficar refém das nossas dependências.

Quando tudo é muito fácil em nossa vida nos tornamos pessoas fracas, inseguras, se na primeira dificuldade imediatamente o filho recebe o auxílio, você está retirando dele o poder e as condições para sua superação, ou mesmo, tirando poder de lutar para conquistar algo durante a sua vida.

               Quando o seu filho lhe pede um produto de consumo ou um bem de luxo, apesar de você dispor do dinheiro, você deve dar?

               Como não é uma emergência, não.

               O mais recomendável é não dar ajuda para conquista de bens supérfluos.

                Mesmo que o filho queira financiar um bem de consumo usando nome do pai, este deve negar e ensiná-lo construir seu patrimônio e sua moradia, ninguém deve constituir família antes de ter sua casa própria.

O passarinho ensina-nos que antes de gerar os filhotes, ele constrói seu ninho. O filho que não é bem orientado sobre a responsabilidade de constituir uma família, adquirindo seu ninho, tendo uma profissão para sustento dos filhos, ao invés de aliviar o velho já cansado, será o multiplicador de problemas. Isso ocorre em função da pouca orientação durante a infância e por sucessivas ajudas financeiras desnecessárias durante o crescimento intelectual, espiritual e educacional dos filhos, o que resume na falta de cobranças sistemáticas e duras.
             
  A experiência mostra que as pessoas só valorizam suas conquistas, quando sentem a sensação de duvidar se irão ou não conseguir aquilo que tanto almejam.

              Hoje, há muita apelação ao consumo, com isso existe instantaneidade através do modismo, a velocidade da evolução tecnológica e mesmo a produção em série de bens de consumo de pouca durabilidade. A sociedade está escravizada pelo consumismo.

              Mesmo que as condições dos pais sejam das melhores, o recomendável é sempre nos esforçarmos para não dar tudo de imediato aos filhos. O sabor da dificuldade o fará valorizar as conquistas. Já por outro lado a facilidade desvaloriza o prazer da conquista, mesmo que o objeto tenha valor monetário fora dos padrões normais, esse valor desaparece imediatamente.

               A gratuidade, sem o esforço tem o valor sentimental reduzido a zero, o bem material em pouco tempo ficará jogado em um canto da vida, isso está diretamente ligado as condições materiais e sentimentais, porque o valor da satisfação do bem que adquirimos é quantificado pelo esforço que desprendemos para recebê-lo.

Contra o consumismo só existe um remédio, educar os filhos para terem o prazer em poupar, ou seja, nunca gastar mais da metade do que recebe pelo seu trabalho.

            Ao dar cartão de crédito aos filhos, os pais estão ensinando-os a lidar com dinheiro ou está lhe dando facilidade para consumir?

            Filhos precisam de heranças?

            Todos os filhos devem estar preparados para receber heranças somente pós-morte, porque a expectativa de recebimento de herança em vida, é a pior situação que um pai possa administrar nos seus dias mais difíceis, diante da cobrança sistemática dos filhos, o idoso fica entre a linha divisória do sentimento de não desfazer do que tem, pois se desfazer das suas reservas fará com que as garantias de uma velhice tranquila desapareçam. A luta por herança em vida, já levou o filho a matar os país e pai a matar filho.
            
O filho trabalhador e empreendedor não precisa de heranças, pois com o seu talento saberá acumular riquezas, mas por outro lado o filho sonhador e folgado, gastará todo dinheiro que passar pelas suas mãos.
              
Nos asilos para idosos, estão cheios de exemplos de pais órfãos de filhos, faça uma visita lá e veja quantos velhinhos estão abandonados, as suas visitas aos asilos ao invés de trazer paz, lhe trarão revolta pela falta de respeito aos idosos. É triste a realidade desses velhinhos carentes de tudo, vai e logo você começará a fazer uma reflexão sobre o real entendimento da dor e o vazio daqueles corpos sem forças e quase sem almas, a sua esperança ficou sem lugar no passado e nem no futuro, estão a esmolar um pouco de carinho ou de uma palavra amiga.

                 Mas, a principal ajuda que devemos dar aos nossos filhos, é fazê-los sentir a nossa atenção, é fazê-los perceber que estamos ao seu lado durante o tempo todo, além disso, devemos olhar pela sua formação profissional, procurando financiar e acompanhar na formação educacional, e sempre passar os valores morais e no dia-a-dia mostrar a realidade do mundo, buscando dar uma formação de independência, fazendo com que o filho possa saber lutar em todas as situações que a vida um dia possa oferecer na abundância e na escassez.
            
A construção educacional e profissional promoverá  a independência futura dos filhos e, está será a maior ajuda e a maior herança que um filho possa receber de um pai.
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
+ artigos

Comentários

inserir comentário
0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet