Sem Terras fecham BR em Cáceres porque Superintendente do Incra estava em campanha para reitoria da Unemat
Sinézio Alcântara
JORNAL EXPRESSÃO
A BR- 070, no trecho entre Cáceres e Cuiabá voltou a ser bloqueada por trabalhadores sem terra.
O fechamento da rodovia aconteceu nas primeiras horas da manhã de hoje, na localidade do Facão, a 15 quilômetros de Cáceres.
É, o segundo bloqueio da rodovia, em três.
Na segunda-feira, o MST já havia interditado o tráfego de veículos, nesse mesmo ponto.
O movimento é um protesto contra o governo do Estado, pela demora no assentamento de cerca de 400 famílias de trabalhadores, de vários acampamentos da região.
Desta vez, eles se revoltaram contra a direção do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) que havia acertado uma audiência para as 14h de terça-feira, e segundo ele, no último momento cancelou.
“Foi mais uma demonstração do descompromisso com a reforma agrária. Eles marcaram uma reunião para discutir o assunto e, na hora, ninguém compareceu” afirmou Nilo Almeida, um dos coordenadores do MST.
Ele ainda acusou o superintendente William César de Almeida Sampaio de “abandonar” a direção do instituto para fazer política.
“Ao invés de estar resolvendo os problemas do INCRA, o superintendente senhor Willian Sampaio, simplesmente, abandonou o órgão em Cuiabá para fazer campanha política para esposa dele que é candidata a reitora da Unemat em Cáceres. Um verdadeiro desrespeito com as famílias que estão há anos em baixo de lona em várias regiões do Estado” afirmou.
O movimento cobra agilidade na realização de vistoria para assentamento nas fazendas São Paulo, em Mirassol D´Oeste, Rancho Verde, em Cáceres e Nossa Senhora Aparecida, em Rio Branco.
O MST alega que em alguns acampamentos como, por exemplo, o “Euclides Valério” no município de Rio Branco, os sem terra estão há 12 anos “embaixo da lona” aguardando uma definição do governo para o assentamento.
Situação semelhante, segundo ele, vivem as famílias dos assentamentos Terra Prometida, em Cáceres e Sílvio Rodrigues e Fazenda São Paulo, em Mirassol D´Oeste.
“O governo não cumpre o que promete. Temos clientes antigos que estão há até 12 anos em baixo de lona aguardando pela terra” afirmou Luiz Carlos Araújo Silva, conhecido “Pipoca” um dos coordenadores do MST.
O bloqueio na rodovia é por tempo indeterminado, segundo Pipoca.
“A liberação da estrada depende de negociação. Se não aparecer nenhum representante do INCRA ou do governo do Estado para conversar com o movimento a rodovia vai permanecer fechada por tempo indeterminado”.
Além do assentamento das 400 famílias, o MST cobra alimentação e medicamento às famílias acampadas.
Eles afirmam que são centenas de famílias, praticamente, esquecidas.
“Além de não assentar os trabalhadores, o governo está deixando muitas famílias passarem fome. Em alguns acampamentos a cesta básica atrasa em até 6 meses. Em outros faltam comida, água e medicamentos” acusa o coordenador lembrando que na “Jornada de Abril Vermelho” ficou acertado que o INCRA estaria fazendo vistoria em várias fazendas para viabilizar o assentamento das famílias na região, mas, segundo ele, nada foi feito.
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