Pressão de redes de supermercados de Cuiabá enterra projeto de Free Shops em Cáceres
O projeto que poderia transformar Cáceres em um polo turístico e econômico por meio da instalação de Lojas Francas (Free Shops) foi oficialmente enterrado. E, segundo fontes ouvidas, a responsabilidade não recai sobre o governo ou sobre falta de mobilização local, mas sim sobre a forte atuação de bastidores feita por grandes redes de supermercados e hipermercados de Cuiabá.
"Quem realmente entrou em campo, com chuteira, bandeira e muito lobby, foram os hipermercados e supermercados da Cuiabania — principalmente as grandes redes, que não querem, em hipótese alguma, ver o interior se desenvolver", afirma uma fonte envolvida na articulação do projeto.
O projeto das Free Shops vinha sendo defendido por empresários cacerenses, entidades de classe e lideranças políticas locais. A prefeita de Cáceres teria se empenhado pessoalmente em diversas tentativas de viabilização da proposta, mas, mesmo com apoio local unânime, o grupo não conseguiu audiência com o governador Mauro Mendes.
"Só não conseguiram o acesso ao Gabinete do Governador!", pontua a fonte.
Segundo informações dos bastidores do Palácio Paiaguás, a pressão contrária ao projeto teria vindo de diversos setores da capital: grandes redes varejistas, camelôs organizados, empresários financiadores de campanha e diretores de entidades com atuação em Cuiabá.
Resultado: o governador, que havia prometido assinar o decreto autorizando o funcionamento das lojas francas até 15 de março, não apenas descumpriu a promessa como também passou a ignorar os apelos das lideranças de Cáceres.
"Está de mãos atadas. Engolido pela máquina de influência da Cuiabania, que não aceita o interior como concorrente — apenas como fornecedor de voto e consumidor de produto", resume a análise.
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), por sua vez, se manifestou de forma curiosa: "Nunca tratou do tema institucionalmente", informou em nota. Uma declaração que, para os defensores do projeto, soa mais como ironia. "Imagine se tivesse tratado! Teríamos perdido de 5 a 0", disparou uma liderança.
O sentimento em Cáceres é de frustração, mas também de resistência. O texto finaliza com um chamado à ação:
"A Cuiabania teme uma coisa acima de tudo: um interior articulado. Chegou a hora de provar que Cáceres não vai se ajoelhar sem lutar até o apito final".Imprimir