Imprimir

Imprimir Artigo

15/04/2025 - 08:56 | Atualizado em 15/04/2025 - 23:54

"Bem-vindo à Suíça... do Pantanal"

Na segunda-feira, o ônibus escolar passou pontualmente na comunidade rural e levou todas as crianças para a escola, nem sequer o Miguel que sempre se atrasa ficou pra trás. Estradas patroladas, pontes firmes, tudo como deve ser. A família ficou emocionada com o zelo da prefeitura.

No mesmo dia, dona Maria, moradora da Cavalhada, sentiu uma leve dor de cabeça. Foi ao postinho e o médico, atencioso como sempre, solicitou uma ressonância magnética por precaução. O exame foi agendado para quinta-feira. O retorno com o neurologista já está marcado para a sexta. O atendimento foi tão rápido que ela até se confundiu achando que tinha ficado para a próxima semana.

Seu José, que vinha sofrendo com um joelho inchado, fez sua ressonância ontem. Resultado saiu no mesmo dia e o tratamento começou hoje de manhã. Ele até pensou em mandar flores para o secretário de saúde, tamanha gratidão.

A família Silva, que mora no Vitória Régia, está radiante. Depois de anos de luta, vão finalmente construir a primeira casa própria. Um lar simples de 40m², com um quartinho só, o suficiente para ele, a esposa e o bebê que está a caminho. E o melhor: ele trabalha na empresa terceirizada da prefeitura, recebe seu salário rigorosamente em dia, e economizou o 1/3 das suas férias. Por isso consegue programar os gastos extras da construçao da casa.

No bairro Universitário, a obra de distribuição de água foi concluída com perfeição. Era o único bairro que ainda usava filtro nas torneiras. Agora todos bebem água tratada, direto da torneira, como em Liechtenstein. Vai ter até festa de inauguração na praça, com música ao vivo e partida de futebol no campo com grama padrão FIFA. Os moradores, orgulhosos, dizem que nunca imaginaram viver algo assim.

Esses são apenas alguns relatos desta cidade chamada Cáceres, onde a propaganda pinta uma realidade tão bonita que mais parece conto de fadas. Mas basta andar duas quadras fora do roteiro da gestão pra ver a outra face: filas, abandono, esgoto a céu aberto e pessoas invisíveis.

Na versão oficial, estamos na Suíça. Na vida real, seguimos morrendo na fila do SUS. Imprimir