Chuvas fazem Comodoro decretar situação de emergência
RENÊ DIÓZ
Da Reportagem
A freqüência e o volume incomum de chuvas verificadas em Mato Grosso neste início de ano começam a apresentar os seus efeitos negativos, e o município de Comodoro (a 644 quilômetros de Cuiabá) é o primeiro a ter sua situação de risco oficializada.
A Defesa Civil estadual está analisando relatórios de sua coordenação no município, que já decretou situação de emergência – as redes de água, energia e telefonia da área central correm riscos devido a uma erosão que já interditou pelo menos seis vias públicas, inclusive a da prefeitura.
Até o momento, os prejuízos causados ao município, com pouco menos de 18 mil habitantes, são calculados em R$ 4,121 milhões, informa a Coordenação de Defesa Civil (Condec) da cidade.
Os danos são materiais: postes podem cair, barrancos podem ceder, bolsões d’água foram formados pela zona urbana, o mau cheiro passou a predominar, a fauna e a flora começaram a se desequilibrar (inclusive com a proliferação de caramujos africanos), bueiros foram destruídos e teme-se que sejam agravadas as infiltrações e rachaduras na estrutura da galeria de águas pluviais, que passa pela rodovia BR-174. Ainda não foi necessário deslocar famílias das áreas, de acordo com a Condec, mas esta é uma medida que pode se mostrar necessária.
Segundo o coordenador Durvalino Suriano dos Santos, a erosão não é um fenômeno de agora; localizada no bairro central São Francisco e no seu entorno, desde 2005 já apresentava seus sinais. Agora, o processo está sendo acelerado pelas chuvas, que têm caído todos os dias, e aí contribuem também fatores naturais, como o nível rebaixado da área e o solo arenoso.
“Nós estamos muito preocupados. A tendência desse processo é piorar”, analisa Santos. Ele enfatiza o temor em relação à galeria de águas pluviais, visto que o tráfego de veículos é intenso na rodovia por baixo da qual ela passa – é rota para Acre, Rondônia e alguns países vizinhos. Comodoro é trajeto para o transporte rodoviário e poderia perder muito em termos econômicos com a eventual interdição da rodovia.
Os danos provocados pelas enxurradas fizeram o prefeito Marcelo Beduschi decretar, no último dia 4, situação de emergência no município. No texto, consta que “o Executivo municipal tem enviado todos os esforços e ações para conter enorme erosão urbana, exaurindo sua capacidade operativa e financeira”.
A expectativa é de que a Defesa Civil estadual homologue a situação neste fim de semana. Na sequência, o fato será reportado à Secretaria Nacional de Defesa Civil, que poderá liberar aportes financeiros para que o município contorne a situação de emergência e repare os danos.
Na cidade, algumas das principais ruas e avenidas estão interditadas por conta dos danos da erosão. O acesso principal do bairro São Francisco, a avenida São Paulo, está interditada. Outras na mesma situação são as avenidas Espírito Santo (onde se localiza a sede da prefeitura municipal), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Flamboyant e Goiabeiras, segundo a Condec.
Imprimir
