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03/01/2010 - 00:00

Cáceres e Sinop lideram o ranking de violência sexual contra criança

Raquel Ferreira A GAZETA A violência contra crianças e adolescentes no interior de Mato Grosso é maior que na Capital, conforme o Relatório da Comissão Parlamentar de Inquéritos de Combate a Pedofilia em Cuiabá. Dados do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) apontam que em 29 municípios do Estado foram registrados 14.013 atendimentos, sendo que 6.387 são relacionados a violência física, psicológica, sexual e negligência. As cidades com maior número de casos são Nobres (2.615), Cáceres (1.978), Sinop (1.440), Alta Floresta (1.084) e Tangará da Serra (1.186). Em Cuiabá foram 445 registros, ocupando a 9º colocação em violência. As cidades de Cáceres e Sinop lideram o ranking de violência sexual, incluindo abuso e exploração, contabilizando 1.724 e 1.440 casos, respectivamente. O relatório aponta que as mulheres são as principais vítimas de violência, representando 61% do total registrado. As crianças e adolescentes mais agredidas, conforme o documento, ocupam a faixa etária dos 7 aos 14 anos, representando 62% das notificações. Crianças dos 0 aos 6 anos ocupam o segundo lugar com 23% dos casos e jovens de 15 a 18 anos representam 15%. Segundo a CPI, o quadro é mais grave em cidades do interior que ficam próximas de rodovias, onde o fluxo de caminhoneiros é intenso. A situação é agravada ainda em regiões turísticas, áreas de fronteira ou que abrigam remanescentes de garimpo. Uma pesquisa da Polícia Rodoviária Federal apontou em 2008 que Mato Grosso possuía 130 pontos vulneráveis, que poderiam facilitar a ocorrência de prostituição e exploração infanto-juvenil. Os pontos estão localizados ao longo das rodovias, em paradas de ônibus, postos de combustíveis e bares. Apesar do cenário ser preocupante, a coordenadora do Comitê Municipal de Enfrentamento a Violência, Exploração e Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes de Cuiabá, Dilma Camargo, destaca que existiu um grande avanço na luta em prol da comunidade infanto-juvenil. Ela entende que o maior marco foi sinalizado com a criação da CPI mista envolvida na busca de garantia dos direitos da criança e adolescente. "Porém, precisamos avançar e nesse contexto, temos que garantir sobre tudo condições dignas, com fortalecimento do orçamento para as ações, o controle social por parte da sociedade civil e maior engajamento da população, principalmente das crianças, adolescentes e jovens, para que consigam assumir o papel de protagonistas de suas vidas". Como a denúncia e a conscientização são as principais formas de coibir as ações do agressor, a CPI da Pedofilia trabalhou na tentativa de mobilizar a sociedade civil, por meio de convites a instituições que atendem crianças e adolescentes, órgãos governamentais e não-governamentais. Criaram ainda sessões itinerantes dentro de 6 escolas da Capital para discutir com a população meios de atuar no enfrentamento da violência, sempre focando na importância da participação da sociedade como um todo para o sucesso das ações. Durante as reuniões, 486 pessoas participaram, sendo 60% estudantes, 10% educadores, 10% autoridades e 20% comunidade em geral. Além de discutir os meios de combate a violência, os participantes foram orientados sobre os locais a serem procurados em caso de agressões, além de receberem um trabalho de conscientização. O grande entrave da luta contra a violência infanto-juvenil é o fato das agressões ocorrerem dentro do ambiente familiar ou amigos próximos, que geralmente atuam intimidando e ameaçando as suas vítimas. Imprimir