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06/04/2020 - 13:52 | Atualizado em 06/04/2020 - 14:34

Por baixo

Tem um ex-prefeito, por duas vezes na década de 80 em Cáceres, que costumava repetir, de forma semelhante, uma frase do filósofo, teórico político e orador irlandês, Edmund Burke. ‘Quando os bons não querem, os maus tomam conta’. Antônio Fontes usava este argumento para incentivar pessoas honestas a entrarem para a política. Com a corrupção endêmica que tomou conta da política do Brasil, hoje em dia é cada vez mais raro ver pessoas com ficha limpa e verdadeiros propósitos quererem participar da vida pública. Como presidente de um partido político, testemunhei isso no processo de filiação de pré-candidatos para eleição municipal. Avaliando calmamente a quantidade de nomes que se dispuseram em sete partidos políticos de Cáceres, me lembrei de doutor Antônio. Fiz essa introdução não para desqualificar os pré-candidatos, mas defender a tese de que a disputa para vereador está nivelada por baixo, assim como a de prefeito. Entre nomes com potencial e incógnitos, ninguém terá votação expressiva. Primeiro porque não tem nenhum ‘tiririca’ no processo e segundo porque teremos um baixo número de votantes por conta da perda de mais de 10 mil eleitores, além de uma abstenção histórica. Conversei sobre isso com ao menos dez interlocutores políticos de respeito da cidade e eles concordaram com essa tese. Inclusive chegamos ao consenso de que a legenda para vereador será de no máximo 2.600 votos. Por conta disso, acredito que o DEM de Adriano Silva, que conseguiu montar uma das chapas mais numerosas, fará de dois a três vereadores, um deles, pode se eleger com 300 a 400 votos.  A maioria dos partidos com chapa modesta que conseguir a legenda deve eleger vereador com 300 a 400 votos. A exceção será para os suicidas do PTB, PSC e PSB. Esses terão que fazer em média 700 votos para concorrer a uma cadeira.

Prostituição

Ainda falando sobre processo de filiações, ele foi marcado pela chamada prostituição política. Presidentes de partidos, políticos e militantes, mentiram e fizeram proposta impossíveis de cumprir, para atrair e até para tirar pré-candidatos de outras legendas. O PDT foi uma das vítimas em uma situação. Dois vereadores foram à casa de um conhecido comerciante, que já havia anunciado preferência pelo partido, para oferecer financiamento. Usaram ainda como meio de convencimento o argumento de que os dois, um seria candidato a prefeito e outro vice, uma chapa pura. Infelizmente o nosso amigo preferiu confiar nos vereadores. O resultado vocês já sabem né? Com o DEM aconteceu a mesma coisa. Alex do Empa, um dos leais aliados de Adriano Silva, foi cooptado pelo grupo da vice-prefeita Eliene Liberato Dias (PSB). Também caiu em uma cilada. Como esses, aconteceram vários casos. Mas teve situações que a estratégia de dizer que o partido terá candidato a prefeito não colou. Ao menos sete partidos não conseguiram nem dez pré-candidatos e ao menos cinco talvez nem tenham candidatos a vereador, entre os PSOL, PC do B, e o PSD de Cutia, o PP dos Henry e o PR de Guaresqui. 

Prefeito

O interessante desse processo é que nem os partidos com eventuais candidatos a prefeito conseguiram montam chapa completa e competitiva de vereador. A exceção é o DEM de Adriano Silva.  Isso prova o quanto nossas lideranças são ruins de articulação. Nesse bolo se incluem o deputado federal doutor Leonardo (SD) e o prefeito Francis Maris (PSDB). A chapa do SD faz um vereador e olha lá. O PSDB do prefeito deve fazer um ou até quem sabe dois. O problema é que maioria dos seus pré-candidatos são marinheiros de primeira viagem que foram obrigados pelo prefeito a se filiarem. Esses são os casos do Procurador Bruno Córdova e Paulo Donizete da Águas do Pantanal e mais meia dúzia de coordenadores que ficarão desempregados a partir de junho. Mamaram, agora vão ter que pagar o leite.

Vingança

Sem conseguir espaço em nenhum partido, até por ter escolhido demais, o vereador Cláudio Henrique permaneceu na marra no PSDB. Só que ele pode ser vítima de vingança por parte do prefeito Francis Maris (PSDB), que já teria determinado sua expulsão do partido. A desilusão e o fim do romance com o ex-xodó deve parar na Justiça se Claudio for expulso e querer ser candidato à reeleição. Falando em Francis e filiações no PSDB, o vereador Wagner Barone (PTB), seu líder na Câmara, e o vereador chapa branca Elias Pereira (PTB), estão com raivinha do prefeito. O motivo é que eles queriam ir para o PSDB para garantir a reeleição, mas foram vetados pelo prefeito. Barone, segundo Eliel da Rocha do Podemos, teria tentando uma manobra para permanecer no Podemos, caso a chapa dessa legenda. Bobinho ele né? Não colou e agora e ele, Elias e Zacarquim vão ser ‘comidos’ pelo experiente Rubens Macedo (PTB), que deve fazer acima de mil votos.

Jogada

Antes de entrar na questão dos pré-candidatos a vereador, tenho que contar para vocês uma articulação do ‘Engomadinho’ com o prefeito que pode derrubar a candidatura da vice-prefeita Eleine Liberato Dias (PSB). Repararam que o ‘Engomadinho’ ficou no PR que nem chapa tem de vereador? Lembra que eu falei que ele estava rodeando o SD de Leonardo para cavar uma eventual vice na chapa governista? Procede. Ele é o ‘estepe’ do prefeito para ser vice ou até candidato a prefeito. Boa jogada, mas acho que se esqueceram de combinar com o eleitor. 

Prés-vereadores

Então vamos lá a alguns dos interessados em ganhar R$ 12 mil por mês como vereador em Cáceres. PSDB (Marcos Ribeiro, Rafael Laia, Lauro da Filomena, José Bento Bianchini, Marcão do Esporte, July esposa de Júlio Semelc, Arinéia esposa Manoel Leiteiro, João Resende, Ana Luiza Michelon, Assis Cabeleireiro, Ronaldo Damacena (Iturama), Tato Embalagens, Claudio Henrique, Bruno Cordova, Paulo Donizete e Wesley Souza).  PSC (Zé Eduardo Torres, Valdeníria Dutra Ferreira, Rosinei Neves, Enio do Mercado da Cidade Alta, Barros do Mercado Barros, Juliano Garcia Fisioterapeuta, Capim da Academia e Odinei da JR Pneus). PROS (Dener Cabelereiro, Franco Valério, Carlos Advogado, Arrênius, Celia da Saúde, Zé Pereira da Auto Escola Mendes, Teles, professor Hélio da Unemat e Mauro Mendes do DPVAT). SD (Marcelinho Radio Jornal, Jonas, Arimatéia, Cézare Pastorello, Eliseu Pereira - irmão do vereador Elias- e Poeta Pescador). REPUBLICANOS (Tarcísio Porto Belo, Toninho Maia, Esposa de Salmo, Celso Silva, Tata Garçon, Fonseca da Jaó, Cabo Nilson, Creude Castrillon e Wilmar Pedroso). PV (Anne Viegas, Renato Fidelis, Pacheco Cabelereiro, Doutor Landim e Moacir do Posto). PSB (Domingos dos Santos, Jerônimo Gonçalves, Elza Bastos, Wilson Kishi, Júlio Parreira, radialista Manga Rosa, Alex do Empa, Paulo Narita, Boi Luiz Fernando Bertaglia e Victor presidente do DCE de Cáceres.) PTB (Rubens Macedo, Valter Zacarkim, Elias Pereira, Masato, Wagner Barone, Denis Maciel, Alvasir Alencar). DEM (Odenir Nery, Thomas Canelas, Flavio Negação, Professor Leandro Unemat, Marilene Regional, Marilce do Postão, Policial Sonaque, Marcelo Renato Jardim União, Nega da Empaer, Juju Humildemente, Eliezer Farmácia, Brandão, Café no Bule e Raí.) Cidadania (Pastora Rosemar, Cabo Pinheiro, Cidinha Polícia Civil, Nilson Magalhães, Edinha Amaral, Vançan, Cleber PM, Isaias Bezerra, Alex Ferro e  Levilton Agente prisional.) PT (Pedro do  Sindicato Rural, Ademilson, Laudemir Unemat, Dimas Unemat, professora Mazeh, Ildimar, Maria do Carmo, Ester do Futebol Feminino, Taciane, Angelina, Alvanir, Aline, Lourival Mota e Regis Aparecido.) PDT (Professor Jardes Macedo, Tonico Caiçara, Gabriela do Jardim Padre Paulo, Jair Modesto (irmão de Modesto), Maneco Silva, Agostinho Marques (Tio de Big Régis), Professor Juliano do Projeto Social, Luizinho da Saúde, Danzer da Unemat, Valtinho da TV, professor Alexandre Marin do Esporte, Ana Zattar, Cloves do Cacerense, Eliane Vanini, Glaucia Gonzaga do Sindicato, Enedilson Porfirio (Durok), Lucides Ortega, Juliana Toni, Maria do Carmo Vila Nova, Maria Jose Bretas, Noeli Sonaque e Rose do Cidade Nova.) No caso do PDT, mais da metade dos nomes acima já eram filiados.

Quadrinho

Mantive contato os dirigentes dos prefeitáveis Marcinho Lacerda, Sérgio Arruda, Valdecir Rodrigues e Takao Nakamoto (MDB, Podemos, Patriota e PRTB). Como a maioria dos demais partidos, percebi quadros modestos, para quem gargareja que quer ser prefeito. Apesar de toda essa conjuntura que descrevi acima, muita gente deve desistir nas convenções. Isso é normal, e ocorre principalmente quando eles descobrem que foram enganados e que seriam usados como escada para eleger outros.
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