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16/03/2020 - 17:59 | Atualizado em 16/03/2020 - 18:09

'Será preciso uma geração para mudar a cultura da violência contra mulher', diz ativista em Cáceres

Há alguns anos, o juiz Geraldo Fidelis e seu irmão, Nestor, advogado conceituado no Estado, responderam a mesma coisa sobre um questionamento feito sobre uma discussão sobre o combate ao alcoolismo entre menores. ‘Vai ser preciso uma nova geração para mudar essa cultura’.
 
Também em um período não tão distante, o respeitado biólogo e professor da Unemat, Claumir Muniz, também deu a mesma resposta quando questionado sobre a educação ambiental, e a persistente mania de jogar lixo no rio Paraguai. ‘Será preciso educar uma nova geração para por fim a isso’, declarou a época.
 
Na última sexta-feira, 13, a doutora Ana Emília Iponema Brasil Sotero, militante pelo direito das mulheres e uma referência nacional, deixou isso bem claro em relação à violência contra a mulher, durante uma palestra no Centro de Convenções Maria Sophia Leite (Sicmatur), em Cáceres, promovida  em conjunto pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) em parceria com a Faculdade do Pantanal (Fapan),  Comissão da Mulher Advogada (3° Subseção OAB Cáceres) e Caixa de Assistência dos Advogados (CAAMT).
 
‘Bater, matar e abusar da mulher é uma questão cultural que levará uma geração para mudar’, enfatizou, explicando de forma objetiva que no Brasil existe uma cultura machista patriarcal que institivamente coloca o homem na condição de ‘dono da mulher’.
 
‘O filho homem nasce e cresce vendo isso em casa e entende que é normal, mas não é. Ninguém é dono de ninguém’, disparou.
 
Ana Emília afirmou durante sua palestra que a Lei Nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, batizada de ‘Maria da Penha, deu e tem dado uma importante contribuição para redução da violência contra a mulher.
 
Apesar disso, ele disse indiretamente, que a legislação precisa ser ajustada e endurecida.
 
‘Apesar da Lei, continuam matando, batendo e abusando das mulheres. A Lei precisa ser endurecida para isso acabar’, frisou.
 
Para ilustra esta afirmação, ela lembrou que a Constituição Federal estabelece igualdade entre homens e mulheres, porém isso não existe na prática, as provas foram a criações de leis como a ‘Maria da Penha’, ECA e o Estatuto do Idoso.
 
‘Bastava apenas obedecer a Constituição, mas isso não acontece’, lamentou.
 
Durante a palestra, chamou à atenção a abordagem de que a violência contra a mulher não se resume a agressões e feminicídios.
 
Ela mostrou uma dezena de exemplos de violências abusivas consideradas simples, como por exemplo, o ciúme.
 
Ana Emília também esclareceu que o álcool, drogas e distúrbios psíquicos masculinos não são motivadores da violência contra a mulher. ‘Eles são só o gatilho’, afirmou.
 
Ela finalizou afirmando que o principal elemento para reforça o combate à violência contra a mulher são politicas públicas.
 
‘Dependes, como as mulheres vão abandonar um lar. É preciso de uma casa de apoio, ajuda psicológica’, disse, acrescentando que tanto vítima como agressor, precisam de ajuda.
 
‘Ambos são vitimas de um sistema familiar culturalmente machista’, concluiu.

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