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27/01/2020 - 16:30

Jornalista traça perfil de doutor Leonardo

He-Man não é apelido do prefeito de Rondonópolis, Zé Carlos do Pátio (SD), que em seu município recebe de adversários a pecha de Menino Maluquinho, mas que sempre é recebido por companheiros  com o carinhoso refrão É o Zé que o povo quer… Enfrentando o natural desgaste da longevidade no poder, hoje, o Zé que o povo quer não se atreve a bradar nos palanques: Nós temos a Força! – em alusão ao seu líder nacional, Paulinho da Força. Não se atreve porque sabe que no meio da multidão alguém poderá gritar tire a cedilha. Esse é o cenário político naquela cidade que tem 152.335 eleitores. Mesmo assim o prefeito costura 25 horas por dia o lançamento do deputado federal e seu correligionário Leonardo Albuquerque para o Senado na eleição suplementar de 26 de abril. Seu empenho é tanto, que a irreverência popular rondonopolitana passou a chamar o protegido de Zeonardo.


Dr. Leonardo na Câmara

Afinal, quem é Zeonardo, ou melhor Leonardo, ou melhor ainda Dr. Leonardo, que é seu nome parlamentar em razão de sua profissão: médico.

Rio Verde de Goiás é um dos berços do agronegócio brasileiro. Foi lá, em 14 de junho de 1978 que nasceu o goianinho Leonardo Ribeiro Albuquerque, filho do casal Francy e Maritônio Albuquerque, ambos com sangue cearense nas veias. Seo Maritônio foi sócio de um dos reis do algodão nacional, Paulo Lopes.

Cearense que é cearense não é de  ficar plantado em cidade nenhuma. Em 1980 Seo Maritônio foi com a família pra São João do Ivaí, no Paraná, de onde descobriu  Mirassol D’Oeste, na faixa de fronteira com a Bolívia, no polo de Cáceres, e ali, no final dos anos 1980 montou uma algodoeira.

Leonardo se misturava à criança em Mirassol nas peladas em campinhos de chão vermelho.  Jovem veio para Cuiabá e cursou medicina na Universidade de Cuiabá (Unic) e se formou em 2005. É clínico geral e tem pós-graduação em Psiquiatria.

Na medicina atuou em Cuiabá e Várzea Grande. Em 2006 prestou serviço militar no 2º Batalhão de Fronteira do Exército (2º B Fron) em Cáceres, com a patente de 2º tenente. De volta à vida civil atuou enquanto médico naquela e cidades da região.
 
Leonardo tem uma veia política e notou que em Cáceres havia um vácuo de representação parlamentar estadual e federal. Certamente sonhou em ser deputado, mas antes desse salto, em 2012, pelo PSD do então poderoso deputado estadual José Riva, disputou a Prefeitura de Cáceres numa chapa que se completava com a advogada cacerense Anne Viegas (PSB). O vencedor foi Francis Maris (PMDB), que depois se reelegeria.
Na disputa pela prefeitura Leonardo recebeu 21.318 votos. Francis venceu com 21.630. Foi um empate técnico, com leve vantagem pra Francis.

Dois anos depois da derrota para prefeito Leonardo se candidatou a deputado estadual pelo PDT, que era o partido do senador Pedro Taques, que seria eleito governador naquele ano. Vivo pra daná, Leonardo descartou o padrinho José Riva, que naquele momento começava a cair em desgraça. Chegou à Assembleia com a 10ª maior votação ao cargo naquele pleito: 34.753 votos.

Em março de 2016, quando Riva já estava morto politicamente, Leonardo voltou para o PSD, que era e continua comandado pelo ex-vice-governador Carlos Fávaro.

Em 2018 Taques tinha três sonhos: se reeleger governador; eleger seu ex-secretário de Educação, Marco Marrafon, deputado federal pelo PPS; e derrotar seu ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD) ao Senado. Somente o último se realizou. Mas, pra eleger Marrafon seria preciso lançar nomes fracos, que somassem votos para a coligação a deputado federal formada pelo PSDB, PPS, PSB e SOLIDARIEDADE. Leonardo, que àquela altura já se identificava como sendo Dr. Leonardo caiu como luva para o governador.

Dr. Leonardo caiu como luva para Taques  porque estava no SOLIDARIEDADE, partido controlado em Mato Grosso pelo prefeito de Rondonópolis, Zé Carlos do Pátio; porque sua chance de eleição era mínima – pra não dizer zero -; e porque o prefeito rondonopolitano fazia seu jogo em agradecimento ao esquema montado por Taques em 2016 para elegê-lo.

Em 2016 Taques conseguiu a proeza de lançar Percival Muniz/PPS e seu vice Rogério Salles/PSDB na disputa pela prefeitura. Os dois morreram abraçados e Zé do Pátio chegou ao poder, onde esteve antes.

Em 13 de março de 2018 Dr. Leonardo se filiou ao SOLIDARIEDADE num evento no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá. O deputado federal Paulinho da Força (SP) e  Taques prestigiaram o ato. Dr. Leonardo foi lançado pré-candidato a deputado federal. Marrafon sorriu.

Eleito com 52.335 votos para a Câmara, Dr. Leonardo ganhou espaço no projeto político de Zé do Pátio, que precisa torpedear políticos de seu município – com o olhar lançado sobre 2022, quando pretende concorrer ao governo.

O nome de Zé do Pátio
 

O Zé e seu candidato

Zé do Pátio quer  Dr. Leonardo candidato ao Senado na eleição suplementar de 26 de abril. Quer, porque seu afilhado poderá minar os pré-candidatos rondonopolitanos Adilton Sachetti (PRB), deputado federal José Medeiros (PODE), Blairo Maggi (PP), Carlos Bezerra (MDB) e o vizinho de município, deputado estadual Max Russi (PSB), de Jaciara. Torpedeando esses´nomes Zé do Pátio abre horizontes ao seu projeto ao Palácio Paiaguás. Além disso, Dr. Leonardo tem chance de eleição, o que seria o melhor que se possa imaginar para seu padrinho, que assim sairia fortlacido.

Zé do Pátio é político acima de tudo. Em nome de seu projeto superficialmente tenta formar uma  frente de centro-esquerda, de onde sairia um nome para enfrentar o agronegócio que deverá disputar o pleito com mais de um nome. A frente, em tese, pode se formar com o SOLIDARIEDADE, PSB, PCdoB, PV, PROS e outras siglas.

Analistas não acreditam nessa frente, por algumas razões:

Max Russi tem forte influência na Assembleia Legislativa e conta com apoio do presidente Eduardo Botelho (DEM).

Os petistas poderão lançar Carlos Abicalil ou o deputado estadual Lúdio Cabral.

O presidente regional do PCdoB, Sérgio Negri, revelou que os comunistas deverão indicar a ex-reitora da Universidade Federal de Mato Grosso, Maria Lúcia Cavalli.

Gisela Simona é o xodó do PROS, ocupa a primeira suplência de deputada federal por sua coligação e em Cuiabá recebeu a maior votação ao cargo na eleição em 2018.

Segundo Aluizio Leite, secretário de Relações Internacionais da executiva nacional do PV, seu partido definiu em ato interno que disputará a eleição ou com José Roberto Stopa, secretário municipal em Cuiabá; ou Faissal Calil, deputado estadual; ou Mário Nadaf, vereador por Cuiabá. Além dessa informação de Leite, uma fonte ligada ao PV sustenta que o prefieto Emanuel Pinheiro (MDB) ‘negociaria‘ o apoio dos verdes aos democratas, num pacote que incluiria o PTB, partido ao qual pertence seu filho o deputado federal Emanuelzinho Pinheiro. O líder do PV, Stopa, é secretário na administração de Emanuel.

Pisando em ovos, pra não desagregar, Zé do Pátio costura pra que a Frente feche questão com Dr. Leonardo. Habilidade de sobra ele tem, e o afilhado demonstra ter sorte nas urnas.

Um relatório fantasma
 

Cadê o relatório da CPI que estava aqui?

Dr. Leonardo quando deputado estadual presidiu a CPI do Ministério Público, instalada em novembro de 2015, para investigar e apurar possivel improbidade administrativa por parte de procuradores e promotores de Justiça .na emissão e troca de cartas de créditos, que segundo o mesmo parlamentar poderiam conter irregularidades que levariam os denunciados a terem que devolver ao Estado R$ 40 milhões corrigidos.

Segundo apuração da CPI teria ocorrido a emissão de 45 cartas de crédito no período em que o MP foi chefiado pelo promotor Marcelo Ferra e o procurador Paulo Prado.

Dr. Leonardo não conseguiu apresentar o relatório da CPI. A legislatura chegou ao fim em janeiro de 2019 e pelo regimento da Assembleia, uma CPI não pode passar de uma para outra legislatura. Resumo: ficou o dito pelo não dito. Melhor: acabou em pizza.

BRASÍLIA –  Na Câmara Federal, Drl.Leonarod é presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Agentes Comunitários de Saúde (ASC) e Agentes de Combate às Endemias (ACE).

RESUMO – Dr. Leonardo deverá disputar o Senado. Em seu currículo, dentre outras ações, a CPI do MP que deu em nada. Além dele, seus colegas na Câmara, Carlos Bezerra (MDB), Neri Geller (PP) e José Medeiros (PODE), também são pré-candidatos.
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