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19/11/2019 - 09:36 | Atualizado em 19/11/2019 - 09:44

Pantanal movimenta US$ 7 milhões ao ano com observação de onças-pintadas

Mais conhecido pela prática da pesca, atualmente o Pantanal é uma referência no turismo de observação. Apenas na região de Porto Jofre, localidade no município de Poconé, onde termina a estrada Transpantaneira, US$ 7 milhões são movimentados anualmente com a visitação de brasileiros e estrangeiros para ver a fauna e flora pantaneiras. Isso é o que garante Rafael Hoogesteijn, supervisor da ONG Panthera Brasil, que trabalha diretamente na preservação das onças na fazenda Jofre Velho.
 
“Apenas aqui, são US$7 milhões, mas o Pantanal inteiro movimenta muito mais. Sem falar na compra de passagens, hospedagens, aluguel de carros e toda a logística que está envolvida para que o turista chegue aqui. O Brasil precisa investir nisso e perceber que a preservação da onça, além de ser benéfico à fauna, beneficia a economia”, ele explica.
 
A ONG Pantheras Brasil trabalha desde 2014 na preservação das onças-pintadas no Pantanal. Diferentes práticas para a permanência do felino no meio ambiente são adotadas, como o turismo não invasivo, a conscientização das comunidades locais e a instalação de cercas que separem a onça do gado, além do estudo da espécie para conhecer o comportamento do felino.

Ainda assim, a prática ilegal acontece no País, segundo Rafael. “Pecuaristas ainda não tem conhecimento destas técnicas para que o gado e a onça-pintada convivam em harmonia, por isso ainda vemos crimes como os da semana passada”, ele diz ao se referir ao abate de três onças-pintadas no município de Cocalinhos (MT), a 850 km da capital Cuiabá (MT), na divisa com Goiás, na última terça-feira (12/11).
 

A Polícia Civil do Estado, com apoio de órgãos como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação e da Biodiversidade (ICMBio), identificou a propriedade em que os animais foram mortos, bem como as pessoas envolvidas no crime ambiental, mas o caso ainda segue em investigação.

Elizeu Evangelista da Silva, que também é colaborador da ONG Pantheras, é pantaneiro e passou metade da vida testemunhando a caça da onça-pintada, uma vez que a prática já foi permitida no Brasil antigamente. Ele acredita que a mudança de comportamento é algo a ser conquistado.

“Agora, temos que ensinar que a onça-pintada não é ameaça, não é inimigo. Há muito o que fazer, mas já vemos alguns avanços na região. Existem fazendeiros que têm nos procurado para entender a onça-pintada, perceber que ela pode ser uma forma de turismo, ao mesmo tempo que protegemos a espécie”, diz Elizeu.

*A jornalista viajou a convite da Belgo Arames
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