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27/09/2019 - 10:55

Ministro mato-grossense recomenda tratamento psiquiátrico para ex-procurador-geral

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu uma nota nesta sexta-feira (27) após as declarações do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em entrevista ao Estadão.

Mendes recomenda que Janot procure ajude psiquiátrica e lamentou que parte do “devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas”.

Crítico a operação Lava Jato, o ministro lamentou que o combate à corrupção no país tenha tornado refém de “fanáticos”. 

“Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia”, diz trecho da nota.

Em entrevista ao Estadão, publicada na quinta-feira (26), Rodrigo Janot contou que chegou a ir armando para uma sessão do Supremo com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes e, em seguida, suicidar.

“Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da corte constitucional do país”, destacou Mendes.

Veja a íntegra da nota do ministro que foi publicada no blog de Reinaldo Azevedo, do site Uol:

Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.

O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a faze-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.

Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.

Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da corte constitucional do país.

Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.

Acho que nada precisa ser acrescentado.
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