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26/09/2019 - 10:35

Governador quer gás da Bolívia nas residências dos Mato-grossenses

O governador Mauro Mendes (DEM) assinou o contrato com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), estatal responsável pela extração de gás natural. Mensalmente, o Estado vai comprar, via MT Gás, 1,5 milhão de metros cúbicos. Um posto de combustível em Cuiabá já está pronto para ser o ponto de abastecimento para veículos que utilizam GNV.

A assinatura foi realizada na manhã desta quinta (26), em um evento na Bolívia, que contou com presença do presidente Evo Morales, o ministro de Energia Rafael Alarcon Orihuela, e o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, Cesar Miranda, além de outras autoridades mato-grossenses que acompanharam a agenda do governador.

“A partir deste momento, e com o restabelecimento do fornecimento, com preços competitivos e de maneira confiável, vamos ter, em curto espaço de tempo, uma fonte importante de comércio para a Bolívia e uma matriz energética alternativa para o crescimento do nosso Estado e das nossas atividades econômicas”, disse Mauro.

Miranda destacou que, diferente do que acontecia anteriormente, com o abastecimento podendo ser interrompido a qualquer momento, agora o contrato é firme. “Estamos assinando hoje aqui o contrato de 1,5 milhão de metros cúbicos mês. Essa quantidade a Bolívia é obrigada a nos oferecer. No passado, eles só forneciam se tivesse uma sobra. Agora existe segurança jurídica, é pra valer”.

O mercado consumidor de GNV em Mato Grosso era tímido. A principal consumidora era a Usina Termelétrica de Cuiabá, que está parada há dois anos, e que consumia 2,2 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A empresa é administrada pela holding J&F, dos irmãos Batistas. E, após as denúncias e delações da Operação Lava Jato, entrou em embate jurídico com a Petrobras. A petrolífera brasileira é que mantinha relação comercial com a YPFB.

Por outro lado, a MT Gás comprava quantidade similar a contratada hoje, cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos mês. O volume abastecia apenas cinco indústrias e 800 taxistas. Diante da baixa viabilidade econômica, a estatal mato-grossense ficou de escanteio na jogada entre a Petrobras, J&F e a YPFB.

O contrato assinado nesta quinta só foi possível porque o governo de Mato Grosso tem um plano ousado, caro e que ainda vai custar uma verdadeira guerra de interesses comerciais, mas que se der certo vai mudar o cenário econômico do Estado. O democrata quer trazer gás boliviano para abastecer, além de indústrias e veículos, também as residências.

Esta seria a maior sacada estratégica do Estado, e renderá dentro de 10 anos entre R$ 70 e R$ 100 milhões por ano de lucro aos cofres de Mato Grosso, além de permitir ao consumidor residencial acesso a um gás que custará, nas projeções de hoje, menos de R$ 30/mês.

O vislumbre de Mauro em torno do gás boliviano se deu após descobrir que os poços do país vizinho têm autonomia para abastecer o Estado pelos próximos 200 anos, sem interrupção, sem contar os poços recentes que têm sido descobertos na Argentina e Chile. O democrata só deve colocar esse assunto em mais evidência em seu último ano de governo, pois, por hora o foco será restabelecer o fornecimento e abastecer o distrito industrial de Cuiabá com a fonte energética, que é altamente econômica e eficaz ambientalmente.
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