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10/06/2019 - 10:11

Assassinato de mulheres negras aumenta 29,6% em Mato Grosso

O homicídio de mulheres negras aumentou 29,6% entre os anos de 2007 e 2017, em Mato Grosso, enquanto a morte de mulheres não negras caiu quase 50%, segundo Atlas da Violência. Lançado nesta semana, os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e do Fórum Brasileiro de Segurança.

Só em Mato Grosso, por exemplo, das 92 mulheres mortas no ano de 2017, 70 eram negras. No Brasil, foram 3.288 negras contra 1.544 mulheres que não são negras. O Estado ocupa a décima quinta posição do mais violento para negras para este mesmo ano, em comparação com outros – a Bahia foi a mais violenta com um número de 417.
“O crescimento muito superior da violência letal entre mulheres negras em comparação com as não negras evidencia a enorme dificuldade que o Estado brasileiro tem de garantir a universalidade de suas políticas públicas”, afirma o estudo do Ipea.

Já a assistente social Elis Regina, que é coordenadora do Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso, acredita que as mulheres negras “ainda estão na linha de frente” da violência, por estarem numa situação mais vulnerável do que as brancas. Elas moram na periferia, trabalham – muitas vezes, longe de sua casa -, recebem menos, além de cuidar do lar e dos filhos. “Não nos vem como seres humanos”.

Infogr�fico viol�ncia contra mulher

“Vejo com dor, mas também nos dá mais força para lutar por essa falta de visibilidade, principalmente aqui no Estado de Mato Grosso, que a mulher negra tem em todos os sentidos e aspectos. Nós não temos visibilidade nenhuma. A sociedade ainda acha que nós somos sim seres de segunda linha, mercadoria e que podemos ser manipuladas e violentadas por homens, pois nós somos objeto, como se fossemos coisas”, comenta ao .

No Brasil, o número de homicídios de mulheres aumentou de 30,7% nesses dez anos pesquisados pelo Ipea. Só em Mato Grosso, foram 1.056 vítimas. Para o instituto, o crescimento foi expressivo para a década em análise.
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