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06/06/2019 - 07:46

Rio Paraguai: Da rota do comércio, transporte e comunicação à rota do turismo

O Rio Paraguai, importante via de acesso à antiga província de Mato Grosso, teve grande influência nas relações econômicas, sociais e culturais na região e foi, até o início do século XX, intensamente utilizado como via de transporte, comunicação e comércio entre Mato Grosso e exterior. No entanto, atualmente, o rio atrai pela pesca, belezas naturais e pontos históricos, entre eles as fazendas centenárias e sítios arqueológicos.

Na semana do Meio Ambiente, o G1 publica, em parceria com a TV Centro América, uma série de reportagens sobre o assunto e detalhes da Expedição Travessia e da Expedição Rio Paraguai - das nascentes à foz. No dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Todos os anos, o Rio Paraguai sedia o maior festival de pesca de água doce. O Festival Internacional de Pesca Esportiva de Cáceres (FIPe), que teve início há quase 40 anos, em Cáceres, entrou para o livro dos recordes em 1992 como o maior festival de pesca de água doce do mundo.

Segundo a professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e historiadora Cristiane Thais do Amaral Cerzosimo Gomes, que realizou um estudo sobre o tema, a reabertura da navegação do Rio Paraguai, após o fim da Guerra da Tríplice Aliança, trouxe novas perspectivas ao comércio de Mato Grosso.

Em janeiro de 1872 o Brasil e o Paraguai assinaram quatro tratados: um de paz, outro de limites, um terceiro de extradição e o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, assinado em Assunção em 18 de janeiro de 1872. Seu conteúdo era o usual em tal espécie de tratados, regulando as práticas comerciais, os direitos dos cidadãos, a atuação de agentes consulares.

A abertura da navegação no Rio Paraguai aconteceu na segunda metade do século XIX, utilizando a via fluvial na bacia do Prata, de Cuiabá ao Rio de Janeiro. Esta viagem passou a ser realizada em um período de 20 ou 30 dias.

Para a historiadora mato-grossense Lúcia Salsa Corrêa, a utilização regular do rio Paraguai e da rede fluvial platina representava a sobrevivência dessa imensa região, pois os contatos mais diretos com os países do Prata facilitariam o fluxo de entrada e saída de mercadorias e, desta forma, proporcionariam o barateamento dos fretes para todo Mato Grosso, como de fato aconteceu.

Os produtos “do solo e da indústria” locais foram amplamente comercializados entre os dois lados da fronteira. Entre esses diversos gêneros, destacou-se o gado bovino, que foi sempre um dos principais, quando não o principal produto sul-mato-grossense encaminhado ao Paraguai. Um outro produto exportado de Mato Grosso para o Paraguai era o açúcar com os dois engenhos a vapor existentes em Cuiabá em 1884.

Em sentido inverso, o Paraguai enviava a Mato Grosso cavalos e mulas, além de fumo e sabão.

Turismo

Atualmente, turismo de pesca fluvial pelo Rio Paraguai movimenta a economia local e atrai milhares de turistas.

Um dos principais pontos de turismo é a fazenda Descalvados, tombada como patrimônio histórico do estado. A propriedade se destacou na criação de gado e hoje mantém a arquitetura original de sua sede seguindo o mesmo estilo das grandes fazendas da época. Atualmente, o casarão construído em 1886 é uma das pousadas mais bem frequentadas da região. No local centenário também funciona um centro de pesquisa.

Logo na entrada, os visitantes são recebidos com os cantos dos pássaros que vivem nos inúmeros ninhos espalhados pela mata. Além dos safáris diurnos e noturnos, os hóspedes podem ter uma visão panorâmica da fauna, flora e da parte arqueológica em um voo de helicóptero com capacidade para quatro passageiros. Os prédios que passaram pelo processo de restauração foram tombados em 2001 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A Fazenda Jacobina, que ainda hoje mantém sua importância histórica e destacava-se na primeira metade do século XIX por ser a maior da província de Mato Grosso em termos de área e produção, é outro ponto turístico da região.

Há outros locais, no entanto, que são pouco explorados, como é o caso da Dolina Água Milagrosa, um lago que se formou em cima de um morro. A gruta fica em um morro localizado em um sítio a aproximadamente 40 km do Centro de Cáceres. Para chegar até a lagoa com água extremamente esverdeada ou azul, dependendo do período, é preciso uma escada de aproximadamente 160 degraus.
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