Imprimir

Imprimir Artigo

16/04/2019 - 17:17

Mauro Mendes assina atestado de óbito da ZPE de Cáceres

Brasília, 7 de março de 1990.  O presidente José Sarney cria a Zona de Exportação de Cáceres (ZPE) numa área de 247 hectares. Ao longo  de 29 anos os governadores que se sucederam no cargo não conseguiram tirá-la do papel. Cuiabá, 15 de abril de 2019. O governador democrata Mauro Mendes assina seu atestado de óbito.

Acabou.

Pelo menos nos próximos anos não se deve sonhar com ZPE em Cáceres.

O atestado de óbito?

Mauro recebeu em seu gabinete o prefeito de Cáceres, Francis Maris (PSDB) acompanhado por vereadores numa delegação liderada pelo deputado estadual Valmir Moretto (PRB), que tem base eleitoral no polo daquela cidade – em Nova Lacerda, onde foi prefeito duas vezes.

Na pauta a ZPE

Mauro ouviu, saiu pela tangente e jogou a batata quente nas mãos dos políticos que corriam o pires pela ZPE.

O governador disse que não botaria sal em carne podre. Em suma, para atender o pedido pela ZPE (sua construção), Mauro pediu que Francis lhe entregasse uma relação de empresas que assumissem compromisso de se instalarem naquele local – e que esse rol fosse suficientemente forte para viabilizar o empreendimento.

Foi a pá de cal no sonho de Cáceres. Qual empresário com atuação internacional se oferecerá para viabilizar um empreendimento público?  – Rabo não balança cachorro.

Para se entender ZPE: trata-se de um centro de industrialização que necessariamente tem que exportar 80% de sua produção podendo desovar 20% no mercado doméstico. Como fazer isso numa cidade distante dos portos do Atlântico?

Numa região que tem um caminho natural para o Atlântico pela Hidrovia do Mercosul, com 3.342 quilômetros até Nueva Palmira (Uruguai), mas que a mesma sofre embargos ambientais no Brasil.?

Numa região que não tem porto compatível para escoar produção de uma ZPE, já que não consegue viabilizar o porto de Morrinhos e sequer seu acesso pavimentado de 68 quilômetros?

Numa região que não tem força política para cobrar a pavimentação da MT-343 de Porto Estrela a Cáceres, para reduzir o trajeto entre o Chapadão do Parecis e aquela cidade?

Numa região distante 1.700 quilômetros dos portos do Norte do Chile e do Sul do Peru, pelo Corredor Bioceânico que depende de pavimentação em parte da Bolívia e o Brasil não se interessa por ela?

Numa região cruzada pelo gasoduto Bolívia-Mato Grosso, mas que não tem um city gate sequer?

Se Mauro tivesse interesse pela causa cacerense ao invés de exigir uma relação de investidores, cumpriria seu papel e construiria a ZPE.

PS – Cáceres é um grande polo pecuário, com plantas frigoríficas bovinas instaladas. E uma importante bacia leiteira com produção de lácteos. É um centro de extração de madeira nobre – Teca – de reflorestamento para a indústria moveleira etc. Matéria-prima para iniciar a operacionalização da ZPE existe. Falta vontade administrativa a Mauro e força política aos prefeitos e parlamentares do polo de Cáceres na fronteira com a Bolívia.
Imprimir