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10/03/2018 - 09:06 | Atualizado em 10/03/2018 - 09:14

Cineasta cacerense produz documentário que retrata preconceito contra negros e LGBT's

Diz�o
Dizão

Cansado de retratar a beleza padrão, modelos à la moda francesa, com recortes de silhuetas pequenas, ditas perfeitas, Dizão Leão, nome artístico do fotógrafo cuiabano que resolveu ousar e seguir seus instintos, abandonou as regras do photoshop e lançou o projeto “Lgbt Negro”, em outubro.

Desde então, tem se colocado à disposição de pessoas que já passaram por constrangimento devido à etnia e orientação sexual e, em fevereiro, foi convidado a filmar o documentário em parceria com o cineasta Leandro Peska de Cáceres. “O projeto é uma crítica, é uma provocação sobre racismo enraizado na sociedade, sobre a homofobia e invisibilidade que esses grupos sofrem. Falta representatividade dos negros na mídia e nos meios de comunicação", afirma o fotógrafo em entrevista ao .

Ele conta que, nos retratos, faz questão de exibir cada pessoa e ressaltar os traços, para que elas também deixem aflorar a personalidade e o orgulho do que são. "Não quero que disfarcem ou que se escondam, nem que amenizem para serem aceitos, esta é a afirmação de que ser negro, negra e LGBT também é algo lindo, e não para se envergonhar”, explicou.
 
Segundo o fotógrafo, o projeto se iniciou em um ensaio que fez de um amigo músico, Hendson Santana. E, ao conversar com ele, entraram em um consenso de que ser negro ou estar distante da heteronormativa, ainda é um tabu, e as pessoas insistem no desrespeito.

Além disso, esta iniciativa representa seu crescimento pessoal, pois como fotógrafo, consegue criar e tem liberdade para tais projetos. “Hoje tenho liberdade de ser e de criar conteúdo LGBT, na adolescência eu não poderia tocar no assunto, por exemplo, ter coragem de desenvolver isso junto com os fotografados é a representação disso. Meu pai sempre foi um exemplo pra nós de homem negro, trabalhador e honesto, me ensinou valores e respeito desde pequeno e vou trabalhar e defender o que acredito, enquanto tiver forças, enquanto for livre pra isso”.

Sobre este tipo de projeto ser uma provocação e militância para que a realidade um dia, quem sabe, seja diferente. O fotógrafo acredita que pode contribuir com seu trabalho. Segundo ele, é preciso ocupar espaços, mostrar que todos fazem parte disso tudo.

Ele relata que já foi vítima de preconceito e ouviu muitas histórias de amigos ao longo destes meses que lhe contaram tanto sobre o racismo, quanto da homofobia sofrida. "Quando passamos por essas situações precisamos ser fortes. O projeto, essencialmente, nasceu dessa vontade de gritar por respeito”, completou.
 
Durante os ensaios, Leão diz se emocionar com os depoimentos, pois a cada clique é um diálogo, uma marca, uma intimidade exposta e a realidade é muito forte. Ressalta que fotografou pessoas incríveis e que, entre uma pose, ele segue conversando sobre o orgulho de ser negro, sobre o racismo vivido, auto-estima e como é a vida de cada um seja - a rotina ou nesta luta de ser quem é, em como tem sido a caminhada. "Pergunto até sobre a região que cada pessoa mora, e como é com a família e amigos. Todos que participaram até o momento demonstraram apoio, gratidão e carinho a mim e ao projeto”, contou.

Afirma ao  que quer continuar, apesar da falta de apoio e estar arcando com as despesas sozinho, para colaborar de alguma forma com as pessoas. Entende que é fundamental essa aproximação que o deixa mais feliz e também as pessoas que participam.

Até o momento, Dizão fotografou doze pessoas e pretende continuar a produção. Em dezembro recebeu o convite para as filmagens e em fevereiro concluiu as entrevistas, mas o curta-metragem ainda não tem data divulgada para seu lançamento. Todavia, Dizão Leão confessa que, logo, levará a iniciativa a maiores proporções.

Clique no link abaixo e veja as fotos de Dizão:
http://www.rdnews.com.br/final-de-semana/arte-e-cultura/projeto-que-retrata-preconceito-contra-negros-e-lgbt-s-vira-documentario/96801
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