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17/10/2017 - 07:48 | Atualizado em 17/10/2017 - 07:51

BOMBA DO DIA: Áudio revela 'jogo sujo' entre superintendente e diretor de presídio em Cáceres

Uma conversa entre o superintendente de Penitenciárias, Daniel Lucas Rondon, e o diretor da Cadeia Pública do município de Cáceres, Revétrio Francisco da Costa, revela a que grau chega a sordidez dos superiores para se livrarem de servidores que não se adequam ao 'sistema'. O diretor chega a chamar todos os servidores da cadeia de ‘vagabundos’. A conversa dos dois trata sobre a remoção do agente penitenciário, Sérgio Gabriel dos Santos, devido a uma ‘rixa’ entre o diretor e o agente.

No áudio da conversa que o Muvuca Popular recebeu com exclusividade, o diretor Revétrio, que está em período de férias, diz que está ‘sem paciência’ com o agente Sérgio Gabriel e afirma que pode até matá-lo se aparecer em sua frente.

“Se o cara continuar com graça, tem que tirar ele da cidade. Porque aí agente perde a paciência com um cara daquele ali (...). Se ele for me perturbar lá de novo, vou meter a mão na cara dele e se colocar a mão na arma, eu mato ele”, disse o diretor ao superintendente na conversa.

De acordo com o áudio (ouça abaixo), o superintendente Daniel ligou para o diretor Revétrio, que atendeu e já perguntou, “Iaí, falou com aquele doido lá?”. Daniel respondeu que falou com o agente Sérgio Gabriel e o ‘encurralou’ na parede perguntando se tinha algo de errado em sua remoção.

“Perguntei pra ele: ‘Parece que você queria falar comigo a respeito da remoção, tem algum problema?’. Daí ele respondeu que não. ‘Não tem nenhum problema e estou até feliz com a remoção, pra mim está tudo certo’. Olha só, a resposta dele, não teve coragem de falar pra mim”, disse o superintendente Daniel ao diretor.

O diretor em seguida respondeu “então pra que ficar ligando perturbando e mandando mensagem toda hora, tá f... Tem que dar uma cacetada nele pra ficar ligeiro” e logo o superintendente disparou “Esse cara é moleque rapaz. Desconsidere o que ele faz”.

Acusação

Segundo o diretor Revétrio, Sérgio Gabriel teria comprado uma caminhonete com dinheiro recebido dos bandidos após ajudar em uma fuga, além de dar cobertura na torre da cadeia, deixando pessoas que estavam de fora da unidade jogar celulares para os presos. Porém, o agente negou as acusações, e ainda disse que foi ele quem denunciou a fuga e por isso está sendo tratado dessa forma, como represália.

Revétrio disse ainda ao superintendente que essas acusações quem passou a ele, foi a delegada, Drª. Cinthia Gomes da Rocha, que também negou qualquer acusação contra o agente.

O site Muvuca Popular entrou em contato com Sérgio Gabriel e a delegada para ouvir as partes. Gabriel esclareceu os fatos dizendo que seu advogado está tomando as devidas providências e que 'eles' (diretor e superintendente) terão que provar as acusações.

“Eu não entendo essa perseguição comigo. Essa acusação que eles fazem da caminhonete, não existe, até porque eu denunciei essa fuga e tem tudo registrado na polícia. Eu quero agora que eles provem o que disseram sobre mim”, ressaltou Gabriel, que diz ainda temer pela própria vida.

Já a delegada disse que não conhece esse agente que o diretor cita, mas que fez uma reunião com todos da categoria para saber o porquê estava entrando celulares na unidade e disse ainda que sabe que tem vários Boletins de Ocorrência (BO) de agentes registrados contra o diretor.

“Nunca falei nada de que seria agente ‘tal’ que estava fazendo, nem conheço esse rapaz e se eu soubesse de alguma coisa, teria prendido. Eu fiz apenas uma reunião para tentarmos descobrir como estava entrando celular na cadeia. A única coisa que sei sobre isso é que agentes registraram BO's contra o diretor”, disparou a delegada.

No entanto, na ligação, o superintendente disse ao diretor para aproveitar de sua 'boa relação' com a delegada e ‘produzir’ algo para prender Gabriel.

'São todos vagabundos'

“Vagabundo, bandido. O certo é se ele continuar nessa, botar no papel e tirar ele da cidade, até para dar uma resposta para os outros [agentes] que também são tudo vagabundo. São tudo vagabundo”, disse o superintendente.

Para concluir a conversa, o diretor diz que Sérgio Gabriel fica fazendo ‘intriguinha’ nos grupos (whatsapp) e que teve que sair, pois é ruim pra ‘imagem’ dele. O superintendente responde que foi melhor ter saído.

“Relaxa! A sua imagem é o que eu exergo de você. Eu estou vendo seu trabalho, eu confio em você”, concluiu.
O agente Sérgio Gabriel declarou que ficou surpreso quando soube da conversa entre os dois e relatou que mexeu com seu emocional. "Passar por um trem desse, é muito difícil, até chorei porque sou uma pessoa que age corretamente”, disse.

“Eu tenho mais de 9 anos de profissão na segurança e nunca tive um desabono. Aí vem e me acusam de coisas que não fiz e nem tem provas, é chato. E contra esse diretor aí, tem mais 15 agentes que entraram com processo contra ele. O trem é grave”, disparou.

Outro lado

O site Muvuca Popular entrou em contato com a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), mas não recebemos retorno.

O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso, João Batista, disse que quando o sindicato recebe qualquer denuncia de perseguição a servidores, tem a obrigação de encaminhar para as autoridades tomarem as devidas providências. Relatou ainda que nesse caso, o servidor buscou o jurídico do sindicato para acionar o superintendente e o diretor da unidade tanto na Sejudh como na justiça.

“Estamos aguardando o pronunciamento e as providências por parte do secretário da Sejudh. Na última semana, o secretário esteve em Cáceres e os servidores envolvidos cobraram dele pessoalmente uma providência”, explicou Batista.

Clique no link abaixo e ouça o audio:
http://muvucapopular.com.br/noticias/denuncia/94304-sao-todos-vagabundos-diz-diretor-da-cadeia-de-caceres-sobre-agentes-penitenciarios.html Imprimir