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30/07/2017 - 10:22

Cultura pantaneira perde um dos seus maiores cururueiros

Desencarnou, na última terça-feira, 25, o ativista cultural João Luiz da Fonseca, de 89 anos.

Conhecido como “João Barbeiro”, sendo natural de Poconé (MT), estava radicado em Cáceres desde os 19 anos de idade.

Ele chegou ao município para prestar serviço no 2º Batalhão de Fronteira e ali permaneceu até a sua morte.

Fez carreira no Exército, daí o apelido de João Barbeiro. Era um dos responsáveis pelo corte de cabelo na tropa enquanto permaneceu na caserna.

Na vida civil encampou a cultura raiz, notadamente o Cururu e o Siriri, tomando parte de festejos religiosos e culturais durante a sua vida.

Não havia uma festa em Cáceres em que o nome de João Fonseca não estivesse envolvido.

Nos últimos cinco anos, acometido por enfermidades, não cedeu. Lutou bravamente pela vida, até que foi vencido.

João Fonseca deixou uma legião de amigos, desde os colegas da caserna, até os cururueiros de Mato Grosso. A sua alegria era contagiante.

“Eu o conheci na Companhia de Comando e Serviços, a CCS” recorda o poconeano Benedito de Morais, o Dito Pinto, que complementa: “naquela época, nas folgas de serviços no quartel, João Fonseca socava nas quissassas atrás de festas em louvor aos santos, sempre com a viola de cocho e o ganzá a tiracolo.”

Outro parceiro de João Fonseca, o aposentado Lourenço Ferreira Mendes, revela que conheceu João Fonseca ainda na farda, no ano de 1958, quando prestou serviço militar. E, desde aqueles tempos passaram a atuar conjuntamente nas folias das festas de santos que até hoje são mantidas neste município.

João Fonseca deixa para trás o legado de defender a cultura raiz desta parte do Pantanal, e ainda uma descendência de  14 filhos, todos atuando em diversas setores da sociedade.

Durante seu velório, os filhos atenderam o desejo do pai. Foram prestadas homenagens pela manhã e no período da tarde, na última quarta-feira, 26, quando Cururueiros de Cáceres, no período matutino despediram de Fonseca entoando trovas e versos e antes do corpo ser sepultado, foi a vez dos conterrâneos poconeanos, que se deslocaram da Cidade Rosa num percurso de 200 quilômetros até a Princesinha do Paraguai e ali, ao ritmo da viola de cocho e do ganzá, também concederam a João Fonseca a derradeira homenagem.

Da sua turma de ingresso ao Exército compareceu o trio Anastácio Pires, Vergílio Silva e Mario Pires, todos com 88 anos.

Relembraram a alegria com a qual João Fonseca contagiava a todos que o cercavam.


A Câmara Municipal de Cáceres, há três anos, prestou referência ao cururueiro João Fonseca.

Esperasse que após ao recesso legislativo seja feita uma homenagem póstuma. Imprimir