Juiz boliviano diz ser vítima de perseguição e pede asilo ao Brasil
FolhaOnline
Um juiz boliviano que foi responsável pelo caso do suposto grupo terrorista desarticulado em 2009 na região de Santa Cruz (leste do país), fugiu para o Brasil e pediu asilo político, dizendo que é vítima de perseguição de parte do governo de Evo Morales, informa nesta segunda-feira a imprensa da Bolívia.
Em contato com a rede televisiva "ATB" desde a cidade de Corumbá (MS), o juiz Luis Hernando Taipa Pachi anunciou que apelará a todos os recursos e instâncias nacionais e internacionais para que seja respeitado como cidadão.
O chamado caso terrorismo explodiu em 16 de abril de 2009, quando a polícia matou três estrangeiros em um hotel de Santa Cruz e deteve outros dois membros do suposto grupo que, segundo a Promotoria e o Executivo, ia assassinar Morales e promover a separação dessa região com milícias armadas.
Inicialmente, o caso esteve a cargo de Pachi em Santa Cruz, mas depois as autoridades determinaram sua mudança para La Paz. O juiz tentou frear a mudança de jurisdição, por isso a Promotoria o acusou de prevaricação e desobediência a procedimentos penais.
Os líderes políticos e empresários da região de Santa Cruz rejeitaram a investigação em La Paz com o argumento de que está dirigida politicamente para prejudicar a oposição autonomista e reivindicaram que a jurisdição seja a de Santa Cruz, onde foi descoberto o grupo armado.
Enquanto isso, as autoridades judiciais de La Paz e o governo afirmaram que a corte de Santa Cruz não será imparcial na hora de julgar os líderes dessa região, todos opositores.
Pachi foi convocado a depor em La Paz sobre o caso em cinco ocasiões, no entanto, como não se apresentou, o Ministério Público emitiu uma ordem de captura.
Esta é uma perseguição direta do governo. Juridicamente saberei me defender como for preciso, e também me defenderei nas instâncias que os tratados internacionais me permitam, disse nesta segunda o magistrado.
A esposa de Pachi, Ericka Oroza, anunciou que o juiz colocará ações perante as cortes internacionais para garantir seus direitos.
Segundo a imprensa, 140 opositores e críticos do governo Morales, entre líderes políticos, cívicos e empresariais, fugiram da Bolívia nos últimos quatro anos, se declarando vítimas de perseguição política.
O ex-líder da organização radical União Juvenil da Região de Santa Cruz, David Sejas, que esteve vinculado com o suposto grupo terrorista, também fugiu para Corumbá e assegurou que voltará à Bolívia a defender-se quando houver tribunais imparciais.
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