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17/06/2010 - 00:00

Alex Figueiredo diz que “não podemos ser hipócritas" sobre drogas

Por Jornal Oeste

JORNAL EXPRESSÂO “Não podemos ser hipócritas ao ponto de não admitir. A economia do município, realmente, tem uma de suas bases o tráfico de drogas. Ao invés de querer ignorar, as autoridades e a sociedade têm é que mobilizar para resolver o problema para que futuramente ele não seja irreversível”. A afirmação é do juiz da Vara Criminal e de Execuções Penais, Alex Nunes de Figueiredo, ao reagir as críticas e a nota de repúdio contra ele, aprovada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seccional de Cáceres, em razão de um depoimento durante o 2º Encontro de Fronteiras, realizado nos dias 10 e 11. Na oportunidade ele afirmou que a economia do município poderia até “quebrar” se acabar, totalmente, o tráfico de droga na região. Disse ainda que “Cáceres não tem indústria, falta infra-estrutura, possui uma economia voltada para o rio Paraguai. A pecuária não traz riqueza e o dinheiro também vem do servidor público. É uma cidade que tem um padrão de vida um tanto alto. Eu fico me perguntando de onde vem esse dinheiro?”. Ele disse que usou o termo “quebrar” não de forma pejorativa. “Quando disse que a economia do município poderia quebrar não foi de forma pejorativa. A conotação maldosa foi dada por pessoas que querem desviar o foco do problema que existe” disse acrescentando que “não podemos jogar a sujeira para baixo do tapete. Isso é uma realidade. A estatística de que por Cáceres passa cerca de cinco toneladas de drogas, mensalmente, para abastecer 80% do país não foi feita por mim, mas por entidades sérias, como a Polícia Federal e o Gefron”. Ao endossar o depoimento do juiz, durante o Encontro de Fronteiras, o coordenador do Gefron, procurador Paulo Prato, afirmou que “se não for tomadas medidas enérgicas e imediatas teremos os municípios de fronteira dominados pelo crime organizado”. O procurador Paulo Prado defendeu, ainda a instalação de radares, satélites, aumento do efetivo e até a aquisição de um avião não tripulado para fiscalizar com maior intensidade a região. As autoridades defenderam a união de esforços entre todos os entes da segurança pública para fechar a fronteira contra essa atividade criminosa Procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Marcelo Ferra, destacou que além de uma política pública de combate ao tráfico, deve haver um “endurecimento nas relações externas. Temos que chamar o país vizinho para conversar. A Bolívia poderia fazer muito mais”. O tráfico de droga, conforme as autoridades de segurança, é facilitado pela extensa faixa de fronteira. Além das inúmeras estradas vicinais, as chamadas “cabriteiras” que dão acesso ao território boliviano, a cocaína entra para o Brasil, através do espaço aéreo, onde são jogadas de aeronaves nas fazendas dos traficantes, bem como pelo rio Paraguai. Primeiro a contestar o depoimento do juiz foi o prefeito Túlio Fontes. Em nota encaminhada ao jornal ele disse que Cáceres se mantém por sua riqueza histórica, cultural, turística e pelo trabalho de seu povo valoroso e acolhedor. “Cáceres é uma cidade acolhedora, com sólida base econômica na pecuária”. O Município é um dos maiores produtores de carne bovina do país- e no turismo, cujo exemplo maior, mas não único, é o Festival Internacional de Pesca, e que pretende também se industrializar através da ZPE (Zona de Processamento e Exportação). É sede da UNEMAT, do Hospital Regional Dr. Antonio Fontes, de um importante Batalhão do Exercito. Mas o que Cáceres tem de mais importante e valoroso é seu povo, formado pelos filhos da terra e pelos que aqui foram acolhidos com respeito e cordialidade, todos trabalhando pelo crescimento econômico, cultural e social dessa importante região do Estado de Mato Grosso.
 
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