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14/06/2010 - 00:00

A Gazeta destaca prostituição e tráfico na Praça da Feira em Cáceres

Por Jornal Oeste

Fernando Duarte A Gazeta Garotas menores de idade se prostituem na Praça da Feira, tradicional local de comércio em Cáceres. Em algumas horas, rapazes passam de automóvel na estreita rua que envolve o lugar, onde meninas de 14, 13 e até 12 anos são aliciadas. Em frente à praça, um bar permite a entrada e saída de menores. O estabelecimento é apontado por alguns vizinhos como ponto de uso de entorpecentes. A Polícia Militar (PM) reconhece o fato e destaca que os pais de algumas delas até incentivam a comercialização do corpo das menores. Shorts curtos, piercing no umbigo e blusas apertadas. Essas são as características das adolescentes que tentam promover o corpo. Elas literalmente se expõem para os rapazes motorizados, conversam e bebem cerveja. O som "ao vivo" incentiva os adultos a dançarem no centro da praça, na parte iluminada. Enquanto, na parte escura atrás das barracas, as meninas fumam cigarro. "Isso aí é uma vergonha. Eu fui criado nesta casa com a minha avó, essa feira era um ponto frequentado por família. Tinha muito vendedor aqui, agora está vazio. A mulher que vende espeto vai embora 8 horas (da noite), no máximo, porque tem medo de ficar ali", disse um morador que não quis se identificar. Às 2h30 continua aumentando a presença das garotas. Duas estão paradas na rua. Um automóvel cinza se aproxima, os vidros são abaixados, alguns minutos de conversa e as 2 viram a esquina junto ao veículo. O "point" das garotas é um bar de fachada amarela. Ano passado, o local foi fechado pela Polícia Federal (PF) sob a acusação de tráfico. Hoje está funcionando normalmente. Nele, as garotas entram para ir ao banheiro. Ao se aproximar, é possível ver de perto papelotes de cocaína. Como a porta não fecha, uma delas se escorava para tentar manter a "privacidade". Transformação - A característica do lugar muda após o sol nascer. A Praça da Feira é um percurso diário para milhares de cacerenses. De quinta-feira a domingo, pastelarias ocupam a calçada. Frutas e verduras dividem espaço com brinquedos, bonés e óculos. Pela manhã, as garotas e adolescentes estão ali para comer ou tomar um caldo de cana. Não há cerveja e as pessoas que fumam são todas adultas. A atendente de um bar próximo à praça, que também não quis se identificar, afirma que não há policiamento. Na madrugada em que a reportagem esteve lá, não viu nenhuma viatura em ronda. Um policial militar disse que a prostituição do lugar não mudará. "Mexer com menor é problema aqui em Cáceres", afirmou, se referindo a proteção das crianças e adolescentes pela legislação. Outro lado A presidente do Conselho Tutelar de Cáceres, Vera Lúcia Bento de Cássio, não foi encontrada para se pronunciar. A entidade tem 4 conselheiras e 2 automóveis, inclusive um entregue recentemente pelo governo estadual. O comandante do Comando Regional 6 (responsável por 22 municípios da região), Cilson de Oliveira Silva, afirma que a prostituição infantil "é um problema social" e não de responsabilidade somente da Polícia Militar. "A exploração sexual deve ser tratada em rede, em conjunto pela sociedade. A PM sozinha não consegue". Para ele, grande parte da culpa é dos pais, sendo que alguns incentivam as filhos a se prostituírem. "Cáceres não tem emprego, é um lugar sem oportunidades" destacou o comandante, lembrando que a prostituição se torna uma forma de renda. Segundo ele, o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) irá se reunir em breve para discutir uma forma de combate à exploração sexual de menores. A data ainda não foi definida. O objetivo do GGI é elaborar propostas de ação para a segurança pública.
 
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