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11/05/2009 - 00:00

Depois de 250 anos pesquisadores podem ter descoberto local exato do assentamento do Marco do Jauru

Por Jornal Oeste

Sinézio Alcântara Jornal Expressão Depois de 250 anos, uma equipe de pesquisadores pode ter encontrado o local exato onde foi assentado o Marco de Jauru, na região da fronteira, com a Bolívia. A descoberta histórico/científica, uma das mais importantes dos últimos 200 anos pode, inclusive, conforme os pesquisadores, corrigir alguns aspectos do tratado, no que se refere ao limite territorial do marco divisório. Assinado em 1.750 entre os governos espanhol e português, o marco foi a forma encontrada pelos governos, para delimitar as terras entre as duas coroas na América. Conforme os pesquisadores, a descoberta pode também influenciar em uma nova versão da história sobre o tratado. De acordo com os pesquisadores, o marco foi assentado pelo governo português, a 60 quilômetros do município, a 544 metros da boca do rio Jauru, atualmente, utilizado como um acampamento de pescadores. A localização exata do sítio é resultado de um estudo multidisciplinar de 8 anos, liderado pelo historiador Sandro Miguel da Silva Paula, sargento do Exército, com a participação de geógrafos, historiadores, cartógrafos do Exército, engenheiros e professores da área de pesquisa (foto). A divulgação da descoberta faz parte da programação alusiva aos 70 anos de criação do 2º Batalhão de Fronteira (2ºB.fron). Atualmente o marco encontra-se assentado na praça Barão do Rio Branco, em Cáceres. O batalhão tem como lema “Sentinela do Marco do Jauru”, título esse recebido por ocasião do bi-centenário da cidade em 1978. O local próximo a “boca do Jauru” onde, segundo os pesquisadores, a estrutura de mármore foi deixada pelos portugueses há 250 anos, até hoje mantém as características descritas no relatório de viagem do matemático Francisco José Lacerda e Almeida e do astrônomo Antonio Pires da Silva Pontes Leme, que entre 1.780 e 1.790 realizaram uma expedição de Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) a Capitania de São Paulo. Os traços montanhosos da região, segundo o sargento Sandro, permanecem inalterados, conforme a descrição da época. O tratado de Madri assinado em 13 de janeiro de 1.750 entre a Espanha e Portugal, estabelecia os limites entre as terras das respectivas coroas. E, ao mesmo tempo dava por encerradas as demandas sobre o Tratado de Tordesilhas, assinado entre os governos desses países, em 1.494, reconhecendo, dessa forma, o direito de posse o “uti-possidetis” expressão latina, cuja tradução é: “como possuis agora” o que significa manter o que já se encontra realizado. O grupo liderado pelo historiador Sandro Miguel vem pesquisando o trabalho desde 2007. Diante da importância do acontecimento, nos últimos meses, vários estudiosos do gênero engajaram no projeto, entre eles, o engenheiro Adilson Reis, especializado em historiografia e a doutora Maria de Fátima Costa, professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Entenda a história De mármore conhecida como “pedra de lióz” o Marco de Jauru, construído pelos coroas da Espanha e Portugal, foi trazido da Europa - então Velho Mundo - atravessando o Oceano de navio, aportando-se no litoral brasileiro no século XVII. Em 13 de janeiro de 1.754 o marco foi assentado a 544 metros da boca do Jauru pela comissão de limites conhecida como terceiras partidas portuguesa e espanhola. Em 1883 ele foi transladado do local onde foi assentado, para a praça matriz em Cáceres. O trabalho foi idealizado pelo tenente coronel Antonio Maria Coelho – herói da retomada de Corumbá, durante a guerra do Paraguai e comandante da guarnição de São Luiz de Cáceres. A viagem pela hidrovia do rio Paraguai, através de “batelão” – embarcação feita de madeira inteiriça medindo de 8 a 12 metros, segundo os historiadores, teria durado dezenas de meses. Em Cáceres, tornou-se patrimônio histórico nacional em 1978 bi-centenário da cidade. Com objetivo de dar sustentação científica e histórica a revisão do local de assentamento do marco, o comando do 2º Batalhão de Fronteira, através do coronel João Batista Neves Neto, organizou uma palestra que contará com a presença de todos os integrantes da equipe revisora do trabalho. Para este dia 12, terça-feira, está agendada uma expedição ao local do assentamento do marco. A comitiva seguirá de barco até o local, onde será assinada uma ata do evento e assentado um marco simbólico de madeira nativa em referência a revisão e a grande descoberta.
 
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