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24/05/2010 - 00:00

Deputados Savi, Eliene, Riva e Dilceu exerciam pressão na Sema, diz PF

Por Jornal Oeste

Romilson Dourado RDNEWS Os deputados estaduais Mauro Savi (PR), Dilceu Dal Bosco (DEM) e José Riva (PP) e o federal Eliene Lima (PP) são acusados de agir com troca de favores e com forte influência na secretaria estadual de Meio Ambiente em defesa de madeireiros e fazendeiros para liberação de processo sobre manejo florestal e/ou licenças ambientais. O principal elo deles na pasta era o adjunto Afrânio Cesar Migliari, que está preso junto com outras 70 pessoas, incluindo empresários, engenheiros florestais, advogados, servidores públicos, o ex-secretário de Meio Ambiente Luís Daldegan, assessores diretos do governador Silval Barbosa, a coordenadora da Sala da Mulher da Assembleia Janete Riva e o conselheiro aposentado do TCE Ubiratan Spinelli. Nas gravações interceptadas pela Polícia Federal, as quais o blog teve acesso, fica demonstrado o interesse pessoal dos parlamentares nas questões ambientais. O novo escândalo sobre exploração ilegal de áreas dentro e fora de terras indígenas e em áreas de preservação ambiental estourou na sexta (21), com expedição pela Justiça de quase 100 mandados de prisão, quase dois anos após a Assembleia investigar e apresentar relatório da CPI que tratou das problemáticas no setor. A Comissão apresentou várias sugestões ao governo estadual. O líder do governo na Assembleia, Mauro Savi, interessado em resolver, na base da "articulação", pendências apontadas no processo administrativo das fazendas Itauba e Mosquito I, chega a chamar no seu gabinete o adjunto da Sema Afrânio. Queria, por tudo, que fosse liberado logo os processos de exploração florestal nas duas áreas. Em 22 de fevereiro deste ano, Afrânio, dentro do gabinete de Savi, telefona para Adelino Bedin, dono da fazenda Mosquito, e pergunta em quais cidades o fazendeiro iria apoiar o projeto de reeleição do deputado. Seria espécie de condicionante para liberar a LAU. Presidente da Assembleia, Riva deixou dois recados registrados no celular de Afrânio. Um deles se deu em 12 de agosto do ano passado. O deputado pede que o adjunto verifique como está a LAU do processo da Camifra Industrial Ltda, da fazenda Tupã, em Santa Carmem. Afrânio, por sua vez, pede para uma servidora identificada por Luciana avaliar o processo e deixa claro que a solicitação partira de Riva. Ela alerta que o processo "está com meio digital aprovado, mas com a dinâmica de desmatamento reprovado. Afrânio dá retorno ao parlamentar, informando o andamento. Riva reforça o apoio ao adjunto. Dias depois, a LAU foi emitida. Dilceu Dal Bosco também exerceu pressão política sobre Afrânio, acusado de cometer diversas irregularidades na Sema. Nas gravações, ficam evidentes o interesse do parlamentar democrata na autorização de exploração florestal para a fazenda São Jorge. O atropelo para atendimento de intesse pessoal foi tanto que o requerimento administrativo foi protocolado antes que o licenciamento ambiental se findasse. Em 12 de janeiro deste ano, Dal Bosco e Alex Sandro Marega, então adjunto de Mudanças Climáticas da Sema, trocam telefonema. Alex diz: "Agora, aquele do Beto tá impresso já. Só tô esperando a Sueli, que é superintendente e tá fora, voltar para assinar (sic). Mas ele já vai levar isso amanhã cedo já. Em uma das respostas, o deputado pressiona: "Vê se consegue, cara, esse negócio aí pra mim essa semana porque tá, eu vou te falar viu..." No caso de Eliene, ex-deputado estadual e hoje exercendo mandato na Câmara Federal, o tráfico de influência foi feito às claras. Em 3 de março de 2009, ele mantem contato por telefone com Afrânio Migliari e pede agilidade no processo de sua própria fazenda, a Santa Rita, em Chapada dos Guimarães, para plantio de pés de eucaliptos, mesmo sob veto de uma lei. Houve mudança até na legislação, tudo para conceder a LAU ao parlamentar.
 
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