Notícias / Polícia

08/05/2009 - 00:00

Garotas de Pontes e Lacerda estão presas no Texas

Por Jornal Oeste

KEITY ROMA Da Reportagem Duas mato-grossenses estão detidas há um mês em uma penitenciária na cidade de Laredo, no Texas (EUA). As moradoras de Pontes e Lacerda (448 quilômetros de Cuiabá) Marinalda Campos Vilela e Angélica Alves tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos pela fronteira com o México, com a ajuda de “coiotes”, quando foram presas por policiais norte-americanos. Até ontem as famílias não haviam recebido informações oficiais sobre as brasileiras. O consulado do Brasil em Houston, no Texas, apurou que o processo de deportação de ambas está em andamento e que em breve elas deverão pousar em solo brasileiro, mas as datas de partida não são confirmadas pelo órgão. Conhecidos das viajantes afirmaram que elas serão deportadas na próxima semana. Em uma carta enviada a familiares, Marinalda relatou que seu regresso está agendado para o dia 15 de maio, próxima sexta-feira. Marinalda, de 19 anos, partiu de Pontes e Lacerda no dia 22 de março para trabalhar em uma lanchonete nos Estados Unidos. Ela passou por São Paulo, seguiu rumo a Belo Horizonte (MG), viajou para Honduras, local no qual fez a última ligação para a família, e então foi para o México. “Eu estou numa situação muito difícil, pois desde o dia que ela entrou no México não ouvi mais a voz da minha filha. Não sei o que está acontecendo com ela”, afirma a dona-de-casa Maeli Silva Campos, de 36 anos. Após a detenção, Maeli recebeu um telefonema do homem que estava ajudando a filha a ingressar na América do Norte. “Ele me contou que ela estava presa e que seria deportada, e disse ainda que é normal isso acontecer com pessoas que vão ilegalmente. Antes de viajar ela disse que essa pessoa era um amigo, mas não o conhecemos”, conta a mãe da imigrante ilegal. Marinalda também comunicou a família sobre a prisão por meio de uma carta que escreveu da penitenciária no dia 16 de abril e enviou a Cuiabá. Numa folha, ela conta a saga aos parentes. “Estou nos Estados Unidos. Graças a Deus consegui chegar viva. A viagem foi muito sofrida, passei fome, sede, dormi no chão, passei mal. Isso foi o de menos”, conta ela. Apesar da experiência, ela aparenta entre as linhas o bom-humor que a marca, segundo a família. “No dia 7 de abril, 8h30 atravessei o rio (Rio Grande), depois caminhamos uma hora e meia e chegamos ao asfalto, onde esperamos acabar um pouco o movimento de carros atravessando. Como sou para frente, era a segunda da fila. Quando pensa que não, vieram dois homens de verde em direção da mata e começaram a gritar: polícia!”. Como não conseguiram correr, Marinalda e Angélica foram presas com mais alguns imigrantes. Outros teriam conseguido escapar da intensa fiscalização na área de fronteira e voltado para o lado mexicano. A reportagem do Diário entrou em contato com uma das pessoas que receberiam as meninas. Trata-se de um homem de Pontes e Lacerda que disse viver no país desde 2002 e que abriga o rapaz que convidou Marinalda para a empreitada. Ele pediu para não ter o nome divulgado. O homem afirma que as meninas entrariam pelo Texas com a ajuda de “coiotes”, pessoas que cobram para fazer a travessia ilegal, e então trabalhariam em uma lanchonete em Pompano Beach, na Flórida. Segundo a família de Marinalda, a viagem foi paga por esse conhecido, que ela ressarciria quando começasse a trabalhar no país. O Ministério das Relações Exteriores informou que está solicitando informações sobre as mato-grossenses aos órgãos internacionais que fazem a deportação. SONHO AMERICANO - Nas cidades de Pontes e Lacerda, Jauru, Conquista D´Oeste e adjacências, é comum mato-grossenses partirem ilegalmente para os Estados Unidos em busca de oportunidades. Viajar sem o visto para entrar no país, concedido pelo Consulado Norte Americano, acaba sendo uma alternativa para pessoas de baixa renda que não têm o perfil do viajante que consegue o visto de turista. Direto da Flórida, o anfitrião de Marinalda disse não se arrepender da aventura. “Demorei 30 dias para conseguir atravessar com os coiotes. Sofri muito, mas fiz minha vida. Trabalho com construção civil e levo uma vida que nunca teria no Brasil, onde era cobrador. Hoje posso até ajudar minha família. Que oportunidade o pobre tem no Brasil? Não consegue nem mesmo vir legalmente para cá”, declarou, por telefone. Apesar dos casos bem-sucedidos, a agente do Consulado de Houston, Alba Viana, alerta: “É perigoso. Pessoas morrem na travessia”.
 
Sitevip Internet