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01/05/2010 - 00:00

Fazenda Descalvados será transformada em base de pesquisa e resort com proibição de pesca

Por Jornal Oeste

JORNAL EXPRESSÃO A fazenda Descalvados, uma das maiores e mais destacadas do século XIX da região Centro Oeste, deverá ser transformada em uma base de pesquisa, em pleno pantanal mato-grossense. Um arrojado projeto ecológico irá fazer do empreendimento um centro de estudo da flora e fauna do ecossistema pantaneiro. E, a partir de 2012 só será permitido no local o sistema de pesca esportiva, onde o visitante ou turista que fisgar o peixe será obrigado a devolvê-lo imediatamente a água. Alguns convênios já estão sendo firmados com UFMT nas áreas de Biologia, Zootecnia, Veterinária e Turismo e a proposta será colocar em prática o acordo de cooperação técnico científico firmado em abril de 2008 com a Unemat. “As belezas do pantanal são contempladas por muitas pessoas. Mas, nenhuma ação é feita para preservá-las. Ou para evitar a destruição da flora e fauna como vem ocorrendo” justifica Antenor Alves Júnior, 46 anos, produtor de soja que adquiriu recentemente o empreendimento. Problemas que, em sua avaliação, podem estar acarretando o desequilíbrio ecológico do pantanal. “As pesquisas, certamente, irão encontrar soluções para os problemas relacionados ao meio ambiente, como por exemplo, a poluição do rio, a redução do pescado, a quantidade e o tamanho das espécies que vem diminuindo gradativamente nos últimos tempos”. Para contribuir com a preservação ambiental, a direção do empreendimento, estará ainda disponibilizando apoio logístico para os órgãos ambientais, como SEMA, IBAMA e Polícia Florestal no sentido de aumentar a orientação e fiscalização na região. “Daremos toda estrutura necessária – barcos, estadia e alimentação – para que os órgãos ambientais orientem e fiscalizem com maior intensidade essa parte do pantanal” assegurou Antenor informando que o projeto da instalação da pesca esportiva será evitar a “matança” indiscriminada de peixe na região. “Não vamos aceitar matança de peixe. O projeto só será implantado em 2012 porque estamos conscientizando os visitantes e turistas sobre a necessidade da preservação das espécies” diz acrescentando que “na maioria dos países desenvolvidos essa prática está extinta. Porque no Brasil, especificamente, no pantanal mato-grossense, tem que existir?” indaga. Além da base para pesquisa e da implantação da pesca esportiva, a nova direção da Fazenda Descalvados, realiza a maior obra de resgate histórica de recuperação de patrimônio ambiental em curso no país. A iniciativa, conforme Antenor Júnior “visa devolver o esplendor arquitetônico da fazenda”, observa lembrando que não será alterada a estrutura física do prédio por ser tombado como patrimônio histórico. Porém, algumas adequações estão sendo realizadas, como no piso, onde foi restaurado com tijolos fabricados no próprio estabelecimento há mais de 100 anos. Na fazenda, será mantida também, conforme o proprietário, a bicentenária capela usada como ponto de orações dos primeiros proprietários. Na parte de baixo, será instalado um pequeno museu onde os visitantes e turistas poderão conhecer algumas peças arqueológicas que atestam a presença de povos indígenas muito antes que a branca no local e ainda informações sobre a fauna, a flora e a parte cultural do prédio A família Alves Júnior assumiu a fazenda no dia 1 de novembro de 2009. Em menos de seis meses já foram investidos no empreendimento R$ 1,5 milhão e a previsão é de que, nos próximos meses serão desembolsados mais R$ 2 milhões. Previsto para entrar em funcionamento no próximo mês de junho, o novo empreendimento passará a chamar “Descalvados Pantanal Resort”. A princípio serão oferecidas 11suítes número que será triplicado com a conclusão do projeto. Histórico A Fazenda Descalvados se destacou no cenário da produção pecuarista, no século XIX, pois possuía em média 200 mil cabeças de gado e abatia 20 a 30 mil rezes anualmente. Sua especialidade era a produção do caldo de carne. Toda a sua produção era exportada para a Europa e os produtos secundários, como o charque, era produzido somente para o consumo. O primeiro proprietário da Fazenda foi João Carlos Pereira Leite que a obteve por doação em retribuição pela luta na Guerra do Paraguai. Em 1895, Jayme Cibele Botaréu novo proprietário, se associa a um grupo belga e a exploração toma feições de uma indústria extrativista; sua especialidade era a produção do caldo de carne bomillon, como também o extrato sólido de carne. Toda sua produção era exportada para a Europa. Descalvados, assim como as demais fazendas históricas e usinas de açúcar estão situadas na Bacia Pantaneira, às margens do rio Paraguai e, é um dos mais significativos testemunhos da dinamicidade histórico/cultural de Mato Grosso. Construída por um conjunto arquitetônico eclético, rico por sua diversidade, a Fazenda segue os mesmos padrões das grandes fazendas de sua época: “Casa Grande”, “Morada dos Colonos”, “Armazém”, “Igreja”, “Praça”, “Oficina”, “Casa para Administração”,“Curral”,“Matadouro”,“Galpão”.Construção:1886. Estilo: Eclético - Tombamento: Portaria nº 01/2001 D.O. 20/04/01 Situação atual: Patrimônio em ótimo estado de conservação.
 
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