Notícias / Economia

23/04/2010 - 00:00

Com evento em Cáceres, Mato Grosso vai ampliar relação comercial com países Andinos e Cabo Verde

Por Jornal Oeste

Suzi Bonfim A localização estratégica de Cáceres, na fronteira com a Bolívia, é o cenário escolhido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para realizar o Encontro Internacional de Negócios de Mato Grosso – ExpoNegóciosMT 2010, nos dias 26 e 27 de abril. A terceira edição do evento amplia a oportunidade de integração entre os empresários mato-grossense e os da Bolívia, Peru, Chile, Paraguai, Argentina e da República de Cabo Verde (Noroeste da África). “Além de contemplar a localização geográfica de Cáceres, descentralizamos o encontro para movimentar ainda mais a região de fronteira, envolvendo também os Estados do Acre e Rondônia. Esta é mais uma aposta na viabilidade do corredor que liga o Brasil ao Oceano Pacífico pela rodovia Interoceânica”, afirma o superintendente do Sebrae-MT, José Guilherme Barbosa Ribeiro, responsável pela organização do ExpoNegócios 2010. A preocupação em intermediar o relacionamento comercial com os países andinos faz parte do Projeto Mercado de Fronteira, criado em 2008, pelo Sebrae estadual. Em três anos, a parceria com o Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Indústria, Comércio, Mineração e Energia (Sicme), já abriu as portas deste mercado para diversas empresas. Atualmente, 33 estão cadastradas no projeto. Porém, apesar da proximidade do Estado com países como Peru e Chile – a distância em relação aos portos do Oceano Pacífico é menor do que a percorrida pelos mato-grossenses até ao Oceano Atlântico - ainda há muitas barreiras a serem rompidas para que este mercado seja efetivado. “O maior gargalo é o preconceito gerado pela falta de conhecimento da cultura, das diferenças étnicas e da geografia desses países”, aponta a líder da Unidade de Acesso a Mercados, Marta Torezam. O preconceito, aos poucos, está sendo superado pelas ações institucionais do Sebrae e Governos estadual e federal, mesmo assim, o empresário é o ator principal deste processo e a concretização da pauta de negócios bilaterais depende muito mais dele. Para não perder “o bonde da história” é necessário aproveitar a oportunidade proporcionada pela imensa demanda dos vizinhos latinos. O Chile depois do terremoto, no final de março, tem que reconstruir cidades inteiras e precisa de todo tipo de material e serviços na área de construção civil (cimento, ferragens, pré-moldados e até pregos, madeira e vidros). O governo chileno, de acordo com a Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae-MT, abriu licitações internacionais para suprir a necessidade da população. Além disso, confecções, móveis e alimentos industrializados estão na lista de compras não só de chilenos, mas de paraguaios, cabo-verdianos, bolivianos e peruanos. A relação comercial com estes dois últimos tem algumas peculiaridades: carência de produtos de aviamentos (botões), no caso da Bolívia, e de commodities e serviços aduaneiros, no caso do Peru. O mercado requer ainda jóias, bijouterias finas, produtos de limpeza, de higiene pessoal e de beleza. PROGRAMAÇÃO Para colocar em evidência o potencial do Estado nos mais diversos segmentos de produção de micro e pequenas empresas e das indústrias de grande porte, o Encontro Internacional de Negócios 2010, acontece no Sesi Clube Cáceres, dias 26 e 27 de abril. Na abertura, às 19h30, o presidente do Sebrae Nacional, Paulo Okamoto, participa das discussões sobre os “Desafios e Perspectivas das Micro e Pequenas Empresas e o Programa Integração na Fronteira”. Todos os detalhes que envolvem a logística deste mercado serão desvendados no Estudo de Logística Rotas do Pacífico (Brasil/Bolívia/Chile/Peru), elaborado pelo mestre em Negócios Internacionais, Luis Ernesto Cáceres. Casos de Sucessos de Mato Grosso também serão apresentados na ExpoNegócios. No dia seguinte (27), a partir das 9h, acontece a Rodada de Negócios. A expectativa do Sebrae é reunir 40 empresários internacionais e 70 das regiões Centro-Oeste e Norte do país. O investimento para os interessados na relação comercial é de R$ 50,00 (duas pessoas por empresa). As inscrições no evento são gratuitas e podem ser feitas pelo fone 0800 570 0800 Empresários mato-grossenses têm interesse em atingir países andinos Isentos de qualquer tipo de preconceito, empresários mato-grossenses que vão participar do Encontro Internacional de Negócios 2010 (Exponegócios MT 2010), na segunda-feira (26) e terça-feira (27), em Cáceres (MT), a 225 km de Cuiabá, na fronteira com a Bolívia, têm acima de tudo, a expectativa de conhecer um mercado totalmente novo para eles, mas com possibilidades concretas de negócios. Como funciona esta relação comercial e o volume desta negociação são incógnitas que os empresários acreditam que serão esclarecidas pelo evento promovido pelo Sebrae em Mato Grosso, em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Mineração e Energia (Sicme). O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, participa da abertura do Exponegócio MT 2010, às 19h30, na segunda-feira, no Sesi Clube Cáceres. O governador do Estado, Silval Barbosa, também confirmou presença no evento, sob o comando do superintendente do Sebrae em Mato Grosso, José Guilherme Barbosa Ribeiro. Rumo ao comércio exterior Entre os inscritos está a empresa Fanéca Distribuidora de Cosméticos, que há 15 anos atua na área com produtos de beleza e higiene, no Estado, e agora dá os primeiros passos rumo ao comércio exterior, inicialmente, por "curiosidade". Assim a define a experiência de participar do Exponegócios MT 2010 o gerente de Vendas da Fanéca, Harold Silva Vieira."Não temos experiência de venda para o mercado externo. Nossa expectativa é justamente abrir o campo de visão. Ainda não havíamos tido interesse e oportunidade como agora", destaca, lembrando que o crescimento acelerado da empresa nos últimos anos exigiu uma reestruturação do negócio. A distribuidora de mais de 200 produtos nacionais e duas marcas internacionais no mercado de cosméticos fatura em torno de R$ 3 milhões por mês e tem no seu cadastro quase 3 mil clientes. "Em cinco anos, crescemos pelo menos 80% no mercado interno, o que nos causou grandes problemas de logística que ainda não estão resolvidos. Não paramos de ampliar o negócio e tivermos que nos readequar para não comprometer a qualidade de atendimento ao cliente", justifica Vieira. Os problemas de logística internos também são a maior preocupação para a empresa, que quer atingir outros mercados pela fronteira seca brasileira por meio da rodovia Interoceânica. "O maior receio é conseguir o contato comercial na Exponegócios e depois não atender com qualidade por falta de logística de transporte, principalmente, e claro, da burocracia deste tipo de transação", resume Harold Vieira. Palmito de babaçu Também interessado - mas com pouca informação sobre o que Bolívia, Chile, Peru, Paraguai, Argentina e Cabo Verde podem representar para o seu negócio - está o produtor de palmito de babaçu Vicente Ferreira Rodrigues, da cidade de Dom Aquino, a 160 km da capital do Mato Grosso. "Não tenho opinião formada sobre o mercado nestes países e estou disposto a conhecer. O encontro pode abrir portas para futuros compradores", diz o proprietário da Palmito Ecológico, industria que produz, em pouco mais de 200 hectares, 3 mil caixas de palmito - com 15 vidros de 300 gramas - por mês. Praticamente tudo que a empresa fabrica é comercializado nos supermercados e distribuidoras de São Paulo e Paraná. "Quero ampliar o mercado, considerando que aqui em Mato Grosso a demanda pelo produto é pequena. Se houver demanda, não terei problema nenhum para atender", afirma o empresário. Detalhes do mercado Com duas etapas distintas, palestras e rodada de negócios, o Encontro Internacional de Negócios, em Cáceres, na semana que vem, abre um leque de possibilidades para os empresários que buscam o intercâmbio comercial com os países vizinhos e a saída para a Ásia pelo Oceano Pacífico. O Estudo de Logística Rotas do Pacífico, elaborado pelo consultor internacional, Luis Ernesto Cáceres Ângulo, irá mostrar os detalhes deste mercado e as vantagens e desvantagens do intercâmbio comercial entre os países andinos e o Brasil. Este subsídio poderá nortear a decisão dos empresários a enfrentar o desafio pela Cordilheira dos Andes em território chileno e peruano. As rotas propostas no estudo apontam quatro alternativas (três terrestres e uma marítima): as estradas chamadas Interoceânicas Sul, Norte, Central e a rota Marítima do Atlântico ao Pacífico. Diante do Peru, em pleno crescimento econômico, a rota terrestre Interoceânica Sul, que liga aquele país ao Centro-Oeste brasileiro, é considerada a mais viável para os mato-grossenses.
 
Sitevip Internet