Jornal Oeste

Maria Edna Pedro Assessoria Na semana de debate sobre recursos hídricos, referendada pelo Dia Mundial da Água (22.03), professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, IFMT, Campus Cáceres, ministraram cursos para a comunidade de Porto Esperidião, município situado a 320 km de Cuiabá, sobre Produção de Alimentos Orgânicos, Criação e Gestão de Unidades de Conservação e Regularização Ambiental Rural em Mato Grosso. O docente Alessandro Pontes enfocou a necessidade dos proprietários rurais que ainda não realizaram o licenciamento ambiental aderirem ao Programa Mato-grossense de Regularização Ambiental Rural, denominado MT Legal. No estado que abriga riquezas de biomas como Pantanal, Amazônia e Cerrado, cerca de 133 mil propriedades rurais não são licenciadas . “Do universo de 140 mil propriedades existentes em Mato Grosso apenas 7 mil são licenciadas ou estão em processo de licenciamento”, afirma Alessandro. Entre os objetivos do Programa MT Legal, instituído pela Lei nº 343, de dezembro de 2008, está o incentivo a medidas para restauração de passivos ambientais configurados como danos causados ao meio ambiente pelas atividades desenvolvidas nas propriedades, além da preservação de matas ciliares e nascentes, regularização fundiária e cumprimento de direitos e deveres trabalhistas. “Os proprietários tem o prazo de um ano para aderir ao programa”, aponta o professor destacando que o processo de licenciamento ambiental deve ser instrumento efetivo de preservação das Áreas de Proteção Permanentes APPs. Biodiversidade Despertar a população para os riscos do ritmo acelerado de extinções e perda da biodiversidade no Brasil e no mundo foi objetivo da atividade desenvolvida pela professora Iris Viana durante o mini-curso sobre a Criação e Gestão de Unidades de Conservação na semana das águas em Porto Esperidião. A professora destacou que nas últimas décadas as destruições causadas pelo homem às florestas, recursos hídricos e a natureza como o todo têm aumentado em grande escala. Somente do ano de 2000 até hoje, estima-se que 6 milhões de hectares de florestas primárias foram devastadas do planeta. Cerca de 25% dos recifes de corais foram destruídos, tendo como principais causas a poluição e a pesca predatória. A previsão dos especialistas é que nos próximos 40 anos 25% das espécies conhecidas hoje desaparecerão. A estimativa para 2032 é de perda de 72% da biodiversidade. Com base neste Cenário a Organização das Nações Unidas declarou 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade. Para despertar nos participantes do curso o sentido da diversidade biológica e a necessidade do exercício da cidadania para preservá-la, Iris desenvolveu a dinâmica da teia. No entrelaçado de linhas, o sentido da responsabilidade de cada indivíduo para o equilíbrio e a harmonia do meio. “O despertar para consciência ambiental pode ocorrer em todas as fases da vida, mas é importante que estimulemos esse processo desde cedo em crianças e jovens. O objetivo da atividade é despertar nos envolvidos o seu papel e sua responsabilidade para conservação da vida de todas as origens no planeta”, afirma. Dentro do contexto da proteção a diversidade biológica, a professora elencou os desafios encontrados nos processos de criação de Unidades de Conservação, UCs no Brasil. Entre os pontos considerados problemáticos estão o avanço da fronteira agrícola, dimensões continentais, variados graus de implementação das UCs , orçamento e recursos humanos ainda insuficientes. Por outro lado foram destacados também os pontos positivos nesse processo como mecanismo de maior efetividade em preservação ambiental, valorização a população tradicional, melhoria na construção interativa com políticas indigenistas, e melhoria na organização e disponibilização de informações. Produtos Orgânicos Nas explanações sobre Produção de Alimentos Orgânicos, o professor do instituto Antonio Nobre detalhou sobre os efeitos positivos da atividade para saúde das pessoas e do meio ambiente, com foco para a sustentabilidade. O objetivo, segundo o professor é estimular a diminuição do uso de produtos químicos, como fertilizantes, agrotóxicos ou inseticidas no cultivo de alimentos e outros vegetais, além de difundir a agricultura orgânica como uma possibilidade real de agregar valor ao produto e de preservar a vida. “O intuito é fazer com a comunidade perceba que existe e é viável outro sistema de produção, livre da interferência das culturas convencionais, com modo de cultivo que possibilita a relação equilibrada com a natureza e resulta em produtos saudáveis e de qualidade”, afirma Nobre. O mais importante, segundo o professor é identificar os recursos naturais que existem na comunidade e compreender ‘que a energia existente dentro de cada unidade produtiva pode ser suficiente para o cultivo’. A atividade envolveu em sua maioria alunos da rede pública de ensino do município de Porto Esperidião. O conteúdo desenvolvido deve gerar trabalhos que serão socializados na escola e na comunidade. “É tempo de semear idéias. Aqui estão futuros agrônomos, engenheiros, veterinários. É o espaço propício para educar para a sustentabilidade”, conclui Antonio Nobre.