Notícias / Cidade

09/03/2010 - 00:00

Servidores do Incra e empresário são acusados de desviar recursos para assentamento em Vila Bela

Por Jornal Oeste

Lenita Violato Assessoria Dois servidores do Incra e um empresário da construção civil são acusados de desviar mais da metade dos recursos destinados à construção de casas no assentamento rural Ritinha, em Vila Bela da Santíssima Trindade. Eles responderão judicialmente a uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF). Responderão à ação os servidores públicos federais do Incra Dázio Leonardo Ferreira Coelho e Francisco Roberto Dias Neto, o empresário Luiz Pereira e a construtora L. Pereira Comércio e Representações. O projeto previa a construção de 133 casas, no valor unitário de R$ 2,5 mil, totalizando um investimento de R$ 332,5 mil. No entanto, R$ 198.223,48 foram desviados, valor equivalente a 59,62% do total que não foi aplicado na obra. Esse valor atualizado até fevereiro de 2003 ultrapassa os R$ 267 mil. Na ação, o Ministério Público Federal pede o ressarcimento dos recursos desviados, a declaração de inidoneidade dos réus para participar de licitações, celebrar contratos ou convênios com a Administração Pública, por si ou outras pessoas jurídicas que venham a constituir, bem como a proibição de que os mesmos recebam, mesmo que por intermédio de outras pessoas, inclusive jurídicas, quaisquer valores dos cofres públicos a título de auxílios, subvenções, incentivos fiscais ou quaisquer benefícios estatais, comunicando-se para tanto as Fazendas Federal, estadual e municipal. De acordo com a perícia técnica feita no local, das 133 casas do projeto, nenhuma foi concluída, 33 não foram sequer iniciadas, nove têm apenas os alicerces construídos, 13 apenas as paredes e somente 78 contam com cobertura. O valor unitário das casas, R$ 2,5 mil era condizente com o preço de mercado à época. O perito que visitou o assentamento Ritinha ressaltou que várias casas construídas em outros assentamentos e com o mesmo valor, apresentaram melhor padrão de execução e acabamento. O projeto era de uma casa de 42 m² com paredes de alvenaria, chapiscadas nas faces externas e rebocadas e pintadas a cal nas faces internas, cobertas com telhas de fibrocimento, sem forro, sem instalações hidráulicas ou elétricas, sem calçadas, com contrapiso, portas e janelas do tipo veneziana, com quatro cômodos internos e um banheiro externo, sem caixa d água e peças sanitárias. O que era pra ser uma casa simples transformou-se em uma construção de baixa qualidade e insegura. Na ação por improbidade administrativa, a procuradora da República Vanessa Ribeiro Scarmagnani indigna-se “por não haver justificativa para a baixa qualidade dos materiais adquiridos, que aliada ao emprego de mão-de-obra de limitada aptidão, sem o devido acompanhamento técnico, resultou em anormalidades construtivas que verdadeiramente sucatearam as casas.” Entre as irregularidades identificadas estão as paredes levantadas com blocos cerâmicos de qualidade duvidosa e assentados em argamassa de baixo teor de cimento, sobre alicerces rasos. Fundações que não utilizaram de concreto ou ferragens, que não oferecem segurança aos moradores. Os telhados estão sujeitos a serem levantados por correntes de ar mais fortes, destruindo-os em partes ou na totalidade, como foi verificado em várias casas do assentamento. “Tal postura da administração e da empresa contratada denota descaso inescusável em relação à obra pública, a qual, por ter como finalidade o assentamento de beneficiários da reforma agrária, é dotada de relevante valor social”, afirma a procuradora. Com informações do MPF.
 
Sitevip Internet