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19/02/2010 - 00:00

Obra do governo pode estar provocando enchente em Santo Antônio de Leverger

Por Jornal Oeste

TVCA A rodovia estadual MT-040 pode estar represando a água que desceria para o Pantanal. “Pode escrever, se o rio Cuiabá chegar a nove metros aí na capital, a cidade aqui vai ficar toda debaixo d água”, quem diz isso é o Samir Nicola Sade, engenheiro civil e morador de Santo Antônio de Leveger. Ele acredita que o ciclo das águas da maior planície alagável do planeta foi alterado por conta da pavimentação da rodovia MT-040. “Antigamente não era possível atravessar a antiga estrada de terra até Barão [de Melgaço] em alguns pontos por conta da cheia. Agora, o motorista vai tranquilo. Não tem vazão”. Ele também se pergunta como pode Santo Antônio estar debaixo d água e Barão de Melgaço estar seca? “Se você for na rodovia vai ver que do lado direito tem uma diferença de um palmo até a crista do asfalto, já do outro lado a água tá mais de um metro pra baixo. A água corria pro campo, agora não”. O engenheiro lembra da enchente de 1974 e com um relatório em mãos explica que enquanto o rio Cuiabá chegou a 10,70 metros, Santo Antônio apresentava um nível de 9,70 metros. “Em 1995 foi a mesma coisa: nível maior do rio em Cuiabá e menor aqui em Santo Antônio, mas dessa vez foi o contrário”. Segundo o último relatório da Defesa Civil, no último dia 17 de fevereiro, o nível do rio Cuiabá na capital era de 7,52 metros, enquanto em Santo Antônio era de 9,40m. “Além disso, na terça-feira, enquanto o nível do rio baixou 40 centímetros na capital, aqui diminuiu apenas 5 centímetros”. O engenheiro diz que faltam pontos de vazão. “Na transpantaneira existem mais de 140 pontes e na MT-040 não existem bueiros suficientes para escoar essa água. Como resultado, locais que ficam logo ali do outro lado, como Fazenda e Pantanalzinho, estão secos. Nunca vi isso em mais de 40 anos que moro na região”. Segundo a Secretaria de Infra-Estrutura, a reclamação não tem fundamento, pois o problema é que choveu demais. “Nunca vi enchente em Barra do Bugres. Lá choveu, o rio Paraguai transbordou e um monte de gente ficou desabrigada”, diz Alexandre Mello, secretário adjunto de Transportes. Ele diz que o problema em Santo Antônio é que o rio Cuiabá está fora da caixa. “O desnível entre um lado e outro é porque o rio Cuiabá está do lado direito da estrada”. Segundo o engenheiro da Secretaria, existem dois tipos de águas do Pantanal, a que vai do rio para o campo e a que vai do campo para o rio. “A estrada poderia represar a água que vai do campo para o rio e não a que vai do rio para o campo”. Ele também não acredita que a estrada tenha qualquer influência no fato de Barão de Melgaço estar seca. “A estrada começa em Santo Antônio. A estrada está drenando o excesso para o outro lado”, explicou o secretário.
 
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