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14/02/2010 - 00:00

Rio Paraguai avança e ameaça BR 174 em Cáceres

Por Jornal Oeste

Sinézio Alcântara JORNAL EXPRESSÃO Técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) comprovaram, nesta semana, o que alguns estudos já haviam indicado no ano passado: as águas do Rio Paraguai, no trecho entre a ponte Marechal Rondon e o entroncamento da BR-070 que liga Cáceres a Bolívia, podem alcançar e romper a rodovia, nos próximos anos, caso não seja executado, imediatamente, um amplo trabalho de engenharia para conter a erosão, provocado pela força da água, na barranca do rio. A constatação foi feita por engenheiros que, vistoriaram o local por água e por terra. Fotografias tiradas pela equipe mostram caminhões passando pela BR a uma distância de pouco mais de 10 metros da barranca. A situação é considerada preocupante. A rodovia é de importante acesso terrestre dos estados da Amazônia ao centro do país. De posse das imagens, eles recomendaram um estudo hidrodinâmico para constatação sobre como se comporta as correntes de água e a sedimentologia do rio. Estudo que poderá indicar a melhor forma a ser executada para solução do problema. "Embora a situação seja preocupante, qualquer diagnóstico, neste momento, será precipitado. Somente através de um estudo hidrodinâmico poderemos ter uma noção de como conter o processo erosivo", argumentou o engenheiro Flávio Acatauassú. Diante da falta de maior conhecimento sobre a causa da erosão, os técnicos preferem não arriscar que medidas possam ser tomadas. Porém, não descartam a realização de uma ampla dragagem ou até mesmo a implantação de estrutura de engenharia usadas em países europeus como as "guias correntes" ou "mole" -técnica que consiste em conter os recuos das margens. A preocupação se justifica. Os técnicos informaram que, o estudo hidrodinâmico é realizado em um ano, quando o rio completa o ciclo da água. Só após a realização desse estudo é que poderão ser tomadas algumas providências. Enquanto isso, pesquisas de vários técnicos, entre eles o doutorando Aguinaldo Silva, da UNESP, da doutora Célia Alves de Souza, do mestre Alex Jorge da Silva e Davi Rezende de Freitas, da Unemat e do engenheiro Adilson Reis, da UFMT, indicam que a erosão provoca um recuo das barrancas entre três e cinco metros, anualmente. Ou seja: caso não sejam tomadas medidas imediatas para conter o processo erosivo, em menos de cinco anos, o rio pode alcançar e romper a rodovia. A vistoria dos técnicos ao rio Paraguai, foi viabilizada pelo prefeito Túlio Fontes, que na semana passada, em reunião com o diretor do DNIT Luiz Antonio Pagot, cobrou uma solução imediata para o problema. Vários fatores têm causado a erosão De acordo com os pesquisadores, uma série de fatores contribui para o aumento gradativo da erosão marginal e, consequentemente o avanço do rio para a rodovia. Entre eles a velocidade da correnteza e, principalmente, a ação humana, decorrente das ondas provocadas pelas embarcações que, automaticamente, aceleram o processo de solapamento ocasionando desta forma a queda dos blocos. Soma-se a isso, conforme os estudos, o fato do solo possuir maior quantidade de areia na base facilitando o desmoronamento ou deslizamento do barranco. Pelos levantamentos nas áreas pesquisadas, chegou-se a conclusão de que a erosão marginal no rio ocorre de forma intensa durante o período úmido como também durante a estiagem. Atribuem que o domínio da erosão na margem direita indica que o rio Paraguai provavelmente está sujeito ao efeito de movimento das placas tectônicas recente, que teria provocado um basculamento para oeste, fazendo com que os processos erosivos estejam mais atenuantes nessa margem. População precisa de conscientização Na avaliação dos pesquisadores, a área monitorada apresentou uma taxa de erosão alta com alguns pontos variando de 3 a 5 metros de recuo, em direção a rodovia. Em virtude da área estar localizada próxima a BR-174, segundo eles, torna-se fundamental o desenvolvimento de um planejamento visando à construção de pontes, tendo em vista que a margem direita do rio já se encontra a menos de 15 metros do aterro. Observam que, levando-se em consideração a alta taxa erosiva e o local ser um ponto de extravasamento da água, o canal pode vir a mudar de curso e em virtude desse fator erodir todo o aterro e consequentemente a rodovia provocando prejuízos econômicos e sociais incalculáveis para toda a região. Além do alerta, os pesquisadores recomendam para realização de um trabalho de conscientização junto à população quanto a sua participação no processo erosivo, bem como o perigo que as margens apresentam por não serem estáveis e estarem constantemente solapadas, o que facilita a queda dos blocos, podendo assim ocasionar acidentes aos freqüentadores do local.
 
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