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11/02/2010 - 00:00

Problema anunciado: Canalização e obra de despoluição alaga 60% de Cáceres

Por Jornal Oeste

Assessoria/PMXC Há exatos dez anos, centenas de estudantes da Unemat, liderados por professores e ativistas ambientais como a professora Solange Ikeda, realizaram dezenas de manifestações e protestos contra a decisão do então prefeito de Cáceres, Aloísio Coelho de Barros, de canalizar um trecho de mil metros do Córrego Sangradouro, um dos principais da cidade. Na época, a principal alegação dos manifestantes era de que a obra poderia provocar diversos danos ao Córrego e ao Meio Ambiente no seu entorno. Entre as varias alegações, era que a canalização, associada ao crescimento da cidade e outras intervenções urbanas, poderia provocar inundações. Na tarde de hoje, uma década depois, Solange Ikeda era uma das dezenas de pessoas que pressionaram a prefeitura para que ela alargasse a saída do Sangradouro, na tentativa de reduziu os alagamentos em locais, como a Rua 6 de outubro, que não foi atingida pela enchente de janeiro de 2007. “A natureza quando resolver reagir, provoca calamidades como a de hoje. Alertamos a população há dez, mas os interesses políticos suplantaram as previsões técnicas e o bom senso”, lamentou a professora. De ontem para hoje, choveu três vezes mais do que o previsto para o mês inteiro, segundo a Comissão Municipal de Defesa Civil. Foram 60 milímetros em 15 horas ininterruptas. A situação atingiu 20 mil pessoas e alagou 19, dos 52 bairros da cidade. Cerca de 40 pessoas ficaram desalojadas. Duas escolas municipais, a Isabel Campos e a Dom Maximo Binnés, foram preparadas para receber os atingidos, mas a maioria preferiu permanecer em suas casas e outros estão procurando a residência de parentes e amigos. O fato que reforça a tese de que a canalização do Sangradouro e a obra de despoluição realizada em 2008 pode ter agravado a situação, é que as chuvas desta noite não chegaram aos 86 milímetros que provocaram a enchente de 2007, que atingiu 16 bairros e desabrigou 400 famílias. A chuva deu uma trégua no período da tarde, mas muitos bairros ainda estão alagados por conta vazão lenta do Sangradouro e de outras redes de galerias fluviais ligadas ao sistema de despoluição. Em reunião encerrada no começo da noite, a Comissão Municipal de Defesa Civil, juntamente com o prefeito Túlio Fontes decidiu prorrogar para esta sexta-feira, 12, a decisão sobre a decretação de estado de emergência por conta dos alagamentos em Cáceres. "Vamos ver o comportamento do tempo e o escoamento das águas que ainda é lento", resumiu o prefeito Túlio Fontes após a reunião. Equipes da Defesa Civil, reforçadas por 500 pessoas do Corpo de Bombeiros, Exército, Cruz Vermelha, trabalhadores da prefeitura e voluntários estão em alerta para uma nova onda de chuvas. Nesta sexta-feira, 12, eles vão auxiliar as famílias atingidas. Também nesta sexta, às 10h, a Comissão Defesa Civil volta a se reunir no gabinete do prefeito.
 
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