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24/04/2025 - 21:23

China rejeita aceno de Trump sobre tarifas e classifica mudança como "covardia"

Presidente dos EUA sinaliza corte nas tarifas, mas é desacreditado por autoridades chinesas e criticado nas redes sociais do país

Por Juliana Liu e Nectar Gan

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agradou investidores globais ao acenar com a possibilidade de redução nas tarifas sobre produtos chineses, mas suas declarações não convenceram autoridades da China, que classificaram a mudança como fraca e contraditória. O gesto, inclusive, foi ridicularizado online por usuários chineses, que viralizaram a hashtag “Trump amarelou”.

Na terça-feira (22), Trump afirmou no Salão Oval que as tarifas “diminuirão substancialmente” e prometeu ser “muito gentil” nas negociações comerciais com a China, inclusive deixando de lado comentários sobre a origem da pandemia de Covid-19. No entanto, Pequim se manteve firme: exigiu o fim de todas as tarifas unilaterais antes de considerar qualquer avanço nas conversas.

“Quem amarrou o sino deve desamarrá-lo”, disse He Yadong, porta-voz do Ministério do Comércio da China, reforçando que a responsabilidade pelo conflito é dos EUA. Ele afirmou que o país deve ouvir as “vozes racionais” e remover todas as medidas tarifárias impostas.

A postura de Trump também foi desmentida por Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, que negou a existência de negociações em curso. “São todas notícias falsas”, disse ele, desmentindo a alegação do presidente americano de que há conversas diárias entre as partes.

Especialistas chineses afirmam que a mudança de tom de Trump reflete pressão doméstica nos EUA, especialmente após reunião com executivos de grandes varejistas americanos, como Walmart e Home Depot, preocupados com os efeitos da guerra comercial.

Wang Yiwei, da Universidade Renmin, criticou a falta de consistência de Trump. “Ele diz uma coisa hoje e outra amanhã. Não é confiável”, afirmou. Já Wu Xinbo, da Universidade Fudan, defendeu que a China não está com pressa para negociar, acreditando que o tempo pode favorecer uma posição mais vantajosa.

Embora a China projete confiança, vozes internas alertam para o impacto real das tarifas na economia, incluindo aumento do desemprego e risco de instabilidade social. Um especialista chinês ouvido pela CNN, sob anonimato, alertou que “estamos sendo torturados pelo sombrio declínio econômico” e criticou a censura de opiniões contrárias à postura oficial.

Enquanto isso, a hashtag “Trump amarelou” dominava o Weibo, com mais de 150 milhões de visualizações, refletindo o sentimento nacionalista e desconfiado dos internautas chineses. A visão predominante é de que Pequim deve resistir, mesmo diante da desaceleração econômica e previsões de que o crescimento chinês dificilmente alcançará a meta de 5% este ano.

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