08/04/2025 - 22:03
Brasil inicia 2025 sob risco de crise hídrica e alerta máximo para o Pantanal
Com quase 2 mil cidades em seca e rios com níveis críticos, o país enfrenta cenário grave que ameaça energia, biodiversidade e abastecimento
Por Primeira Página
Reprodução
O Brasil começa o ano de 2025 diante de um alerta generalizado de crise hídrica. Quase 2 mil municípios já enfrentam condições de seca, enquanto o Pantanal vive sua situação mais crítica em quatro décadas, após a pior estiagem registrada desde o início das medições, em 1985.
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o panorama é preocupante. Após a forte seca no Norte do país em 2024, os efeitos da estiagem se deslocaram para o Centro-Sul, com tendência de agravamento nos próximos meses. O encerramento da estação chuvosa, em março, deixou déficits hídricos em diversas regiões — um reflexo da baixa pluviosidade que vem se acumulando nos últimos anos.
Pantanal sob ameaça
A bacia do Rio Paraguai, responsável por abastecer o Pantanal, registra atualmente níveis de água até 40% abaixo da média histórica, com dados críticos provenientes das estações fluviométricas de Ladário e Porto Murtinho (MS). O cenário levou técnicos a classificarem a situação como "extremamente crítica", com alto risco de novos incêndios florestais de grandes proporções, como os ocorridos em 2024.
O ano passado foi o segundo mais seco para o Pantanal desde 1985. A falta d’água causou a morte de diversas espécies, como jacarés e aves aquáticas, além de facilitar a propagação de queimadas, muitas delas provocadas por ação humana.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chegou a declarar: “O bioma pode desaparecer se medidas emergenciais não forem adotadas”. Em resposta, o governo federal decretou situação de emergência ambiental para conter os focos de incêndio, mas especialistas alertam que o ritmo de ação ainda é insuficiente diante da gravidade do problema.
Clima árido e energia ameaçada
A seca extrema também atinge outras regiões do país. No interior da Bahia, pesquisadores identificaram, pela primeira vez, características de clima árido — fenômeno inédito no território brasileiro. Já em Minas Gerais e no próprio estado baiano, algumas cidades enfrentam mais de 100 dias consecutivos sem chuvas significativas.
Esse prolongado período de estiagem impacta diretamente o sistema hidrelétrico nacional. Os rios Paraguai e Paraná apresentam vazões mínimas históricas, o que compromete a operação de usinas fundamentais, como Itaipu. Caso o quadro se mantenha, o risco de racionamento de energia e de aumento nos custos de geração elétrica é real.
Com o agravamento da crise climática, o Brasil entra em um ano decisivo para conter os impactos da escassez hídrica. A resposta dependerá da atuação coordenada entre governos, setor privado e sociedade civil, tanto para mitigar os danos imediatos quanto para promover soluções sustentáveis a longo prazo.