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20/03/2025 - 10:02

Professores no olho do furacão

Indignação e sentimento de traição tomam conta da categoria

Por Redação Jornal Oeste

A insatisfação dos servidores municipais de Cáceres com o veto da prefeita Eliene ao reajuste salarial atingiu em cheio os professores. A categoria, que já enfrenta desafios diários dentro das salas de aula, agora precisa lidar com a dura realidade de ver um direito básico ser negado sem justificativa convincente. O clima entre os educadores é de revolta e, mais do que isso, de traição por parte da gestão municipal.

O professor José Carlos expressou sua indignação ao sair da sessão na Câmara e escancarou o que muitos já suspeitavam: a prefeitura tentou manipular os servidores, oferecendo o reajuste em troca da retirada de outros direitos adquiridos.

"Ela queria retirar o pagamento da titulação, a averbação do tempo de serviço. Quando desvincularam isso do RGA, a prefeita simplesmente vetou tudo." Ou seja, a prefeita tentou uma barganha perversa: ou os professores aceitavam perder conquistas históricas, ou não receberiam o reajuste. Como a categoria não cedeu, Eliene simplesmente jogou o aumento no lixo.

Sindicato ou braço da gestão?

A revolta dos professores não é apenas contra a prefeitura, mas também contra a associação que deveria representá-los. Segundo José Carlos, o sindicato que deveria defender os trabalhadores esteve ao lado da prefeita na votação, em vez de estar ao lado dos servidores. "O sindicato, que se diz nosso representante, não representa ninguém. Enquanto barravam nosso direito, estavam aplaudindo o veto." O sentimento de abandono por parte do sindicato só reforçou o desânimo da categoria, que agora se vê sem uma liderança clara para lutar pelos seus direitos.

A farsa da falta de dinheiro

A desculpa utilizada pela prefeitura para não conceder o reajuste foi a já conhecida alegação de "falta de dinheiro". Mas os professores não engoliram essa justificativa, principalmente porque o aumento salarial da prefeita e dos vereadores foi aprovado sem qualquer dificuldade.

"Se o RGA fosse aprovado do jeito que ela queria, retirando os direitos dos servidores, aí teria dinheiro. Mas como não conseguiu passar a rasteira, agora diz que não tem como pagar", desabafou José Carlos.
Além disso, a categoria ficou sem qualquer previsão de pagamento. O reajuste de 4,77% deveria ter sido pago integralmente em janeiro, mas agora ninguém sabe quando – ou se – ele será parcelado no futuro.

Repressão e censura

Como se não bastasse a revolta pela perda do reajuste, os professores ainda enfrentaram repressão dentro da Câmara. De acordo com relatos, havia um forte esquema de segurança no local, e qualquer manifestação dos servidores era imediatamente silenciada. "Não podemos nem bater palma aqui na Câmara. Aqui fica cheio de viatura do lado de fora, como se fôssemos criminosos por reivindicar nosso direito", denunciou um dos professores.

E agora, como fica?

A luta dos professores de Cáceres está longe de acabar. Com um sindicato que não representa, uma prefeita que governa para si mesma e uma Câmara que se divide entre o povo e os interesses da gestão, o cenário é de incerteza. O que se sabe é que a indignação da categoria cresce, e a cobrança pela valorização dos professores será cada vez maior. A pergunta que fica é: até quando os servidores municipais de Cáceres terão que pagar o preço de uma administração que só pensa em si mesma?

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Comentários

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4 comentários

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  • por Joana Martins , em 21.03.2025 às 10:10

    O Brasil está essa decepção porque a maioria gosta e vota em político que promete bondade e até picanha. Cáceres-MT faz parte dessa ceara de populismo raso por um motivo óbvio, a maioria dos esquerdistas da Unemat se uniram em favor de quem mais identificava com as suas visão ululante de benefício próprio. Eis o resultado , esqueceram que seria os próprios prejudicados no futuro. Às vezes a vontade de matar o adversário acaba acertando um tiro no pé.poderia ter feito dois ou três vereadores do PT que certamente teria mais força.

  • por Lucas, em 20.03.2025 às 13:57

    #para prefeito Luizinho de dito gato vice Mauro Ferreira Mendes

  • por Bugão da Região , em 20.03.2025 às 13:49

    #voltaFrancis

  • por Sueli M. Cardozo , em 20.03.2025 às 11:38

    Quando penso que já vimos de tudo, eis que o tudo se (re)vela, (re)veste e reapresenta no improvável. Ou seja, o esdrúxulo empurrado a "goela abaixo" dos servidores públicos, como o velho e bom ditado diz. Essa gestão pode ainda ser pior e isso é uma questão de tempo e conveniência. Mas, para os que acreditam em "mamãe noel" aquela que cuida, "nascerá o sol da justiça", na cor laranja, queimando todos e quaisquer direitos conquistados as duras penas ou, "os cachorrinhos comendo as migalhas que caem das mesas dos seus senhores". Parafraseando Raul, eu "prefiro ser uma metáfora/metamorfose ambulante do que crer em velhas piniões formadas" e politiqueiras...

 
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