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20/01/2010 - 00:00

Mato Grosso do Sul vive surto de dengue e coloca oito cidades em estado de alerta

Por Jornal Oeste

Fernanda Brigatti Especial para o UOL Notícias Em Campo GrandeCom 1.538 casos notificados nos primeiros 15 dias de 2010, Campo Grande (MS) vive uma nova epidemia de dengue. Até o momento, oito pessoas estão com suspeita da doença do tipo hemorrágico. Os municípios de Pedro Gomes, Jardim, Corguinho, Nioaque, Sonora, Nova Alvorada do Sul e Porto Murtinho também estão sob alerta devido ao grande número de notificações registradas nas duas primeiras semanas deste ano. Junto de Campo Grande, essas cidades somam 1.814 notificações. Oficialmente, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) não confirma nenhum caso como positivo, pois os relatórios só são concluídos ao fim do mês. No ano passado, em todo o mês de janeiro, Mato Grosso do Sul registrou 390 notificações. Além desses municípios sob surto, as cidades de Bodoquena, Guia Lopes da Laguna, rio Brilhante, Ladário, Anastácio e Aquidauana, que estiveram sob alerta até o mês de dezembro, não registraram aumento nas notificações e, por isso, não aparecem em comunicado emitido nesta semana pela SES. Até o fim de 2009, o município com maior incidência de casos foi Pedro Gomes, com 6.269 casos a cada 100 mil habitantes. Na capital Campo Grande, o relatório epidemiológico das duas primeiras semanas de 2010 aponta 1.538 notificações, o equivalente a uma média de 102 casos suspeitos por dia. No ano passado, durante todo o mês de janeiro foram 149 notificações e 18 confirmações, duas delas em formas hemorrágicas. A médica infectologista Priscilla Alexandrino de Oliveira, do Hospital Universitário, ligado à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), avalia que essa nova epidemia em Campo Grande coloca sob risco, principalmente, jovem na faixa dos 20 anos. Isso porque o vírus em circulação é do tipo 1, o mesmo que circulou na cidade durante uma epidemia na década de 1990. A imunidade para esse tipo de vírus, portanto, é mais comum em pessoas mais velhas. "Uma vez que a pessoa teve dengue, ela fica imunizada para o tipo de dengue que pegou. Em 2007, a epidemia foi do tipo 3 e a população inteira ficou imune a esse tipo específico", explica. Apesar do aumento de mais de 350% nos casos suspeitos logo no início do ano, a médica avalia ainda que o pico de registros deve ocorrer ainda no início de fevereiro e só começará a cair no período de seca. O verão é o período mais propício para a reprodução do mosquito Aedes aegypti. "Chove todo dia, o índice de infestação está alto e tem muito vetor se reproduzindo", afirma Oliveira. Ela ressalta ainda que o trabalho de combate à dengue deve ser contínuo e deve aliar questões como saneamento básico, processamento de lixo e conscientização da população. Na semana passada, entre os dias 13 e 15 de janeiro, consultores do Ministério da Saúde estiveram em Campo Grande, onde se reuniram com os gestores de controle epidemiológico do Estado e da capital. Na ocasião, além de avaliar o avanço dos números de confirmações e notificações, os consultores conheceram as estratégias locais de combate à doença. Segundo a diretora do Centro de Controle de Zoonozes (CCZ) de Campo Grande, Julia Maksoud, o protocolo de combate à dengue vem sendo seguido e prevê o envolvimento de todos os segmentos da sociedade e do poder público, como secretarias de Educação, Infraestrutura e Assistência Social. O coordenador municipal de Controle de Vetores do CCZ, Alcides Ferreira, afirmou por meio da assessoria de imprensa, que o trabalho de combate à doença vem sendo reforçado, especialmente nas regiões com maior concentração de casos da doença, como os bairros Tarumã e Coophavilla. A Secretaria de Saúde está realizando mutirões de limpeza e a realização de campanhas educativas. O principal desafio é conscientizar a população para a importância de eliminar qualquer tipo de água parada, ambiente ideal para o desenvolvimento do mosquito transmissor da dengue. Em nota oficial divulgada nesta semana, o diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Eugenio de Barros, afirma que "todos os municípios estão agindo para conter a dissipação da doença". "As visitas domiciliares dos agentes foram intensificadas, os carros fumacê estão nas ruas, mas com este período chuvoso é necessária muita colaboração das pessoas", diz. Os sintomas mais comuns da doença são febre alta, dor no corpo, cansaço e dor nas articulações.
 
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