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20/01/2010 - 00:00

Fim da clandestinidade pode significar desemprego na Bolívia

Por Jornal Oeste

Bruno Bocchini de Brasília Três bolivianos foram presos em flagrante na segunda-feira, dia 18, por manter 15 pessoas, também bolivianas, em regime análogo ao de trabalho escravo nos fundos de uma oficina, na rua Afonso Pena, no Bom Retiro, região central da capital paulista. As vítimas trabalhavam, em média, 17 horas por dia. Os bolivianos confeccionavam roupas no local e recebiam R$ 0,50 por peça fabricada. Os produtos chegavam a ser vendidos por R$ 10 reais no comércio. Para um dos coordenadores da Federação de Bolivianos Residentes no Brasil, Jorge Villegas Pantoja, o emprego de bolivianos em regime análogo ao da escravidão, no entanto, está longe de ser resolvido. De acordo com ele, os imigrantes bolivianos acabam aceitando a situação de trabalho escravo e evitam se regularizar para não perder o emprego. “Para você sobreviver tem que manter a sua categoria de trabalhador como clandestino, porque, nessa qualificação, você tem trabalho. No momento em que você deixa de ser clandestino, porque você está se tornando um estrangeiro em situação regular, você muda de categoria de trabalho e passa a ser um cidadão com alguns direitos”, explica. Apesar de os bolivianos liderarem a lista dos estrangeiros que mais se regularizaram no Brasil nos últimos meses, Pantoja afirma que uma grande parcela prefere permanecer como clandestino e manter o emprego, mesmo em situação similar à de escravidão. “Existe algumas pessoas que vivem na clandestinidade situação melhor que em uma situação de regularidade. Aí que reside, aí que se explica a situação desse trabalho escravo. O problema se origina no país que exporta uma mão de obra que vá se submeter a qualquer tipo de situação. Essa situação que, no Brasil, é de trabalho escravo, e de fato é, para alguém que está em uma situação precaríssima, essa nova situação é vantajosa”. Segundo o Ministério da Justiça, de um total de quase 42 mil pessoas, de 135 países, que se cadastraram no segundo semestre do ano passado, 16,8 mil são da Bolívia.
 
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